Em uma sessão de terapia recente, relatei alguns momentos difíceis que vivi nos últimos meses. Falei, falei, falei, enquanto tentava ler o que tinha por trás do rosto plácido do terapeuta. Será que ele está me achando doida? O que ele vai falar?
Passados muitos minutos, concluí o raciocínio, e fiquei em silêncio. Ele me olhou, acho que abriu um breve sorriso, e disse: Paula, você está tendo uma experiência mais ampla do que é ser humano…
“And just like that”, como diria Carrie Bradshaw, minha cabeça deu um estalo. Abriu-se uma nova janela que me fez refletir: será que todo mundo sente essas emoções? Amadurecer é também acessar essas outras camadas, mesmo que elas sejam doloridas? Sentir uma gama maior de sentimentos, “bons” e “ruins”, nos torna mais humanos? Por mais que seja difícil, será que tudo isso torna a experiência de ser humano mais inteira? Quando penso no processo de evolução de uma criança para um adulto, as respostas chegam com facilidade; difícil é aceitar que esse processo continua para sempre.
O que o terapeuta disse é o que eu precisava ouvir naquele momento. Me fez olhar para o meu contexto atual com mais amor e compaixão, e me ajudou a entender que faz parte de algo que é maior do que eu; faz parte de ser humano.
Com amor,
Paula
Giro de Podcasts 🎙
Ouvir relatos de outras pessoas pode ser uma boa forma de nos ajudar a entender os nossos sentimentos. Isso é uma das coisas que adoro sobre podcasts. Estes foram os meus episódios favoritos da semana:
Dr. James Hollis no Huberman Lab: se eu tivesse que escolher um só podcast para recomendar, seria essa conversa entre o psicanalista junguiano Dr. James Hollis e o neurocientista Andrew Huberman. São três horas de uma troca profunda, com muitos insights. Anotei alguns como “não há fardo maior para uma criança do que a vida não vivida de um pai" e “o fato que vamos morrer é o que faz a vida ser linda". Também fiquei com alguns questionamentos do tipo: “como eu me defino, além do meu trabalho?” e "O que está querendo existir no mundo através de mim?”. A verdade é que eu poderia ter registrado o episódio inteiro. Ouçam e mandem para a família, amigos, amores…todo mundo vai se beneficiar.
![Dr. James Hollis: How to Find Your True Purpose & Create Your Best Life - Huberman Lab Dr. James Hollis: How to Find Your True Purpose & Create Your Best Life - Huberman Lab](https://substackcdn.com/image/fetch/w_1456,c_limit,f_auto,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fsubstack-post-media.s3.amazonaws.com%2Fpublic%2Fimages%2F21996b68-5459-4397-b73b-028fc7f2299f_1000x1000.webp)
The Mel Robbins Podcast: se você conseguir ignorar os títulos cafonas e alguns americanismos irritantes, pode se beneficiar muito do podcast da Mel Robbins. Tem muita sabedoria em vários dos 180 episódios. Gosto que ela fala que não é um “listening podcast”, mas sim um "doing podcast”. Ou seja, o podcast oferece dicas e exercícios para você executar as ideias, e não só ouvi-las. Esta semana escutei episódios sobre amor, sexo, e uma conversa com a sogra da Mel, que tem 86 anos. Entre as dicas da octogenária para uma vida longa estão: caminhar, fazer yoga, e ter uma vida social ativa. Adorei ouvir que, mesmo com mais de oitenta anos, ela passou 3 meses no Camboja fazendo voluntariado, pulou de paraquedas, fez uma sessão de terapia usando psicodélicos com toda a família, e está namorando! Ela terminou o episódio deixando uma dica para todos os ouvintes: stay in love (with yourself and with others).
Tim Ferriss no Modern Wisdom: sou fã do autor, empreendedor e investidor Tim Ferriss. Nesse episódio, ele está do outro lado da bancada, sendo entrevistado pelo podcaster Chris Williamson. Ele compartilha sua rotina matinal, recomenda livros, exercícios físicos, ferramentas para cuidar da saúde mental, e muito mais.
Quero maiZ: falando em esportes, esta matéria tem boas dicas para quem gosta de fazer longas caminhadas. O Ben Pobjoy, que dá as recomendações, é totalmente maluco; ele já fez mais de 850 maratonas, incluindo 9 maratonas em 9 dias em 9 países diferentes, entre muitas outras bizarrices.
Protopia na Central 1926 🎛
São Paulo não cansa de me surpreender. Segunda-feira passada participei da sexta edição da Protopia, experiência auditiva pensada para desacelerar a nossa rotina na cidade. Entrei desconfiada, saí completamente encantada.
Nem utopia, nem distopia, a Protopia nasceu em 2022 com o desejo de propor novas formas de estarmos juntos. Diferente das baladas tradicionais, é um som para ser contemplado e dançado por dentro.
Nessa edição, assistimos três sets ao vivo. O primeiro do Adachi, que mistura sons orientais com ocidentais, e incorpora experimentações eletrônicas. Ele tocou esta versão de uma música de Ryuichi Sakamoto que adoro. Na sequência, Dharma Jhaz e Akin Deckard assumiram o som. Para finalizar, o Anderson Kaltner comandou as picapes, misturando vozes com efeitos, canções fragmentadas e improvisação.
O encontro aconteceu na embaixada cultural Central 1926, onde era o Red Bull Station. O prédio foi construído em 1926 pela Light, e funcionou como subestação de energia até 2004. Hoje, a construção é um patrimônio histórico tombado.
![Central_1926 Embaixada Cultural Central_1926 Embaixada Cultural](https://substackcdn.com/image/fetch/w_1456,c_limit,f_auto,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fsubstack-post-media.s3.amazonaws.com%2Fpublic%2Fimages%2F2465dce6-9082-404d-aaf5-1aa9fb76e647_1920x1080.jpeg)
Gostaria de parabenizar todos os envolvidos pelo delicioso encontro, e deixar um obrigada especial a minha querida amiga
, que foi quem me contou do evento. Estou de olho na página do Protopia para ver quando será a próxima edição.Quero maiZ: quer saber mais? Leia esta entrevista com o Rodrigo Guima, fundador do projeto.
Crônicas do Irã 🎥
Esta semana fui ao Reserva Cultural, um dos meus cinemas favoritos da cidade, assistir Crônicas do Irã. Estava de olho no filme desde que ele foi exibido em Cannes no ano passado. A sinopse é a seguinte:
Pessoas comuns, de diferentes classes, enfrentam restrições culturais, religiosas e institucionais impostas por diversas autoridades sociais, como professores e burocratas. Essas vinhetas movimentadas, divertidas e comoventes capturam o espírito e a determinação da população iraniana diante das adversidades, oferecendo um retrato diferenciado de uma sociedade complexa.
Adorei o filme; é uma forma tragicômica de falar da situação do Irã. O famoso rir para não chorar.
![Foto do filme Crônicas do Irã - Foto 5 de 7 - AdoroCinema Foto do filme Crônicas do Irã - Foto 5 de 7 - AdoroCinema](https://substackcdn.com/image/fetch/w_1456,c_limit,f_auto,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fsubstack-post-media.s3.amazonaws.com%2Fpublic%2Fimages%2Feb32853a-6cf7-4111-b4e2-60403223c51e_1080x720.jpeg)
Arturito 🍴
Nunca gostei muito do Arturito. Em seus tempos áureos, o restaurante fazia o maior sucesso, mas nunca me encantou. Talvez por conta disso, as minhas expectativas eram baixas quando fui conhecer a versão 2.0 do restaurante da chef Paola Carosella, e tive uma boa surpresa.
Em seu novo formato, o restaurante ocupa o térreo de um edifício residencial na Rua Chabad, entre a Rebouças e a Melo Alves. Além do restaurante ter migrado de Pinheiros para o Jardins, o clima também mudou bastante; o novo endereço é mais sofisticado, e tem uma cara mais corporativa. O menu manteve alguns clássicos do restaurante original, mas trouxe também novidades. Senti falta de um pouco de calor e charme, mas ficou claro que a nova operação foi montada com carinho e dedicação. É uma boa opção para encontros mais formais nos Jardins.
Agenda da NAZA 🚀
A Agenda da NAZA é o espaço que criamos para dividirmos as nossas dicas mais legais do que está acontecendo na cidade durante o mês. Acabamos de publicar o guia de junho, que você pode acessar clicando no link abaixo. É também uma forma de você apoiar o nosso trabalho. Muito obrigada!
Adorei a reflexão sobre o amadurecimento. Acho que nunca pára…