A última lição de casa da oficina de escrita da qual estou participando foi: Abra dois livros aleatoriamente, escolha aleatoriamente uma frase em cada um e escreva um parágrafo reunindo as duas frases de modo a lhes dar sentido (a aleatoriedade é fundamental).
Olhei para a minha estante e peguei os dois primeiros livros que vi; Vamos comprar um poeta, de Afonso Cruz, e É sempre a hora da nossa morte amém, de Mariana Salomão Carrara. O primeiro, abri em uma página que começava assim: “Estava uma manhã muito bonita, o ar, como se costuma dizer, cheirava a dólares”. No livro de Carrara, encontrei a seguinte frase: “Camila ficou sendo a minha melhor amiga desde o momento que olhou para trás e perguntou se encharcado era com ch ou x.”.
Construí um parágrafo ruim, impublicável, em que a manhã com cheiro de dólares e a amizade com Camila foram unidas por um pitch para uma campanha publicitária para a Coca Cola. Detestei o resultado, mas amei o exercício.
Não trabalho com publicidade, muito menos com a Coca Cola. Não tenho ideia de onde veio esse pensamento, mas adorei que a tarefa me instigou a pensar além do óbvio. Em outras palavras, o que mais gostei do exercício é que ele abriu espaço para o acaso (reparem que a palavra “aleatoriedade” foi citada três vezes nas instruções).
Indo além da escrita, não é tão diferente daquele encontro inesperado, que pode nos levar para lugares que nem sequer imaginamos, e mudar o rumo da nossa vida…
Com amor,
Paula
P.S. Se alguém quiser fazer o exercício, vou adorar ler o que sair. Pode ser com essas mesmas frases, ou com quaisquer outras; o importante é respeitar a aleatoriedade.
Cosac 📚
A grande notícia do meio literário desta semana foi o renascimento da Cosac. Fechada desde 2015, a editora de Charles Cosac acaba de reabrir com a publicação de um livro dedicado à obra do artista Siron Franco, que foi lançado ontem na Livraria da Travessa. Os trabalhos retratados compõem a coleção de Justo Werlang. Amigo de longa data do artista, Cosac publicou em 1997 um livro sobre Franco, antes mesmo da Cosac Naify existir.
Nessa nova fase, a editora passa a chamar-se apenas Cosac. Entre as próximas publicações estão livros monográficos dos artistas Daniel Senise e José Resende, além da obra Florindas, cuja temática são joias afro-brasileiras. Vida longa à Cosac!
O último dia do século de Maya Weishof na Galeria Millan 🎨
Conheci o trabalho da artista curitibana Maya Weishof na semana passada, quando fui conferir a sua mostra individual na Galeria Millan. Logo de cara me encantei pelas cores e formas, que parecem dançar sobre as telas.
A exposição O último dia do século apresenta pinturas inéditas que, de acordo com o curador da mostra, “mesclam diferentes técnicas e acabamentos para criar cenas limítrofes entre noite e dia, corpo e paisagem, o sonho e a vigília, prazer e pavor, simultaneamente apocalípticas e catárticas. Mais do que explorar os contrastes entre esses elementos, Weishof investiga como eles se constituem mutuamente e como habitam a psique humana”.
Saí dali e fui ler a respeito da artista que, mesmo jovem, já tem uma carreira que impressiona. Entre seus diversos feitos, estão participações em importantes residências artísticas em Lisboa, Paris e na Pivô, além de um programa de orientação com os artistas Regina Parra e Rodolpho Parigi. Weishof já realizou exposições individuais ao redor do globo, e suas obras estão em importantes coleções, incluindo na Pinacoteca de São Paulo. A exposição fica em cartaz até o dia 16 de dezembro.
Quero maiZ: algumas exposições promissoras abrem neste final de semana. Entre elas estão Nascituras, exposição individual de Rosana Paulino na Mendes Wood DM, e Jarbas Lopes: eixos, na Pina Estação.
Amazônia Stock 📸
Descobri na última newsletter do
a startup Amazônia Stock, um banco de imagens da Amazônia que reúne registros de fotógrafos ribeirinhos, amadores e profissionais.A iniciativa funciona como um banco de imagem social, de forma que um percentual do valor da imagem comercializada vai para os fotógrafos, outro para as comunidades incentivadas, e o restante para o reinvestimento na melhoria da plataforma, e para a realização de novas oficinas de fotografia com jovens na Amazônia. O projeto visa criar uma oportunidade de renda para os locais, além de fazer com que o público conheça um pouco mais da floresta pelos olhos de quem vivencia o cotidiano na Amazônia. O vídeo abaixo conta um pouco mais sobre o trabalho deles.
Quero maiZ: no último episódio do podcast Newsletter Economy, que cobre o universo das newsletters conforme mencionei aqui, o André Carvalhal citou a NewZ da NAZA como uma das newsletters de que ele mais gosta. Fiquei super feliz.
Napoleão 🎬
Estreou ontem o filme Napoleão, dirigido pelo Ridley Scott. Já comprei meu ingresso para assistir o longa no final de semana.
Depois de ler algumas críticas, as minhas expectativas estão bem baixas. Por mais que o filme tenha sido elogiado pelos efeitos especiais, e tenha bons atores (o imperador é interpretado pelo excelente Joaquin Phoenix), a maior parte das resenhas comentam que o filme é raso, e não emociona. Esta matéria da Vulture usou até o título “Napoleon Charges in Without a Plan”. Veremos.
Quero maiZ: se você prefere filmes cult, li boas críticas a respeito do inglês How To Have Sex. Dirigido pela jovem cineasta Molly Manning Walker, o filme ganhou o prêmio Un Certain Regard no Festival de Cannes deste ano. Ele está nos cinemas e no MUBI.
Agenda da NAZA 🚀
Sabia que na Agenda da NAZA também recomendamos filmes e festivais de cinema, além de exposições, shows, cursos, feiras e muito mais? Entre aqui para acessar o nosso guia cultural.
Kuromoon 🥢
Do momento que entrei, adorei o KuroMoon. Fui com altas expectativas, por acompanhar o trabalho do Fabio Moon há anos, e não saí decepcionada.
Para essa empreitada, Moon se juntou ao Fernando Kuroda (um dos fundadores do extinto Bueno, e o nome à frente do Izakaya Kuroda e do Kinboshi), por isso o nome KuroMoon.
O ambiente, com cara de boteco japonês, é super divertido. A comida, uma fusão entre a culinária coreana e as comidas de bar do Japão, é uma delícia. Os pedidos, ordenados unicamente pelo celular, chegam muito rápido. Ainda não fui à Coréia do Sul e nem ao Japão, mas no KuroMoon senti que fui teletransportada para os lados de lá.
Louco para ir no KuroMoon! 😋
Napoleão, vale a pena, não é o melhor Ridley Scott, mas é um Ridley Scott com Joaquin Phoenix, só isto já vale a ida a uma bela sala de cinema, já que este filme merece telona e som bons! Produção e figurino demais! Não gostei das inconsistências históricas do filme!
How to have sex é ótimo! Não deixe de ver!
Assisti tbm De volta à Córsega, vale muito tbm a ida ao cinema!