Quando eu morava na Escócia, as estações pautavam o meu ano. O inverno era meu momento de reclusão, de ficar em casa lendo e assistindo seriado, enquanto comia alguma gororoba quente que eu inventava (couve de bruxelas descongeladas com parmesão ralado em cima era um clássico, já que muitas vezes eram os únicos ingredientes que tinham sobrado na geladeira).
Conforme as flores nasciam de novo, anunciando o inÃcio da primavera, eu me arriscava a colocar os pés para fora. Tenho lembranças desse perÃodo que me remetem à sensação que eu tinha no primeiro dia de aula, quando reencontrava os amigos e nos atualizávamos sobre os (importantÃssimos) acontecimentos das férias.
O verão sempre foi catártico. Era como se toda a energia acumulada explodisse. Mesmo em dias não tão quentes, era obrigatório passar 20 horas na rua com pouca roupa, aproveitando ao máximo os dias de sol.
Já o outono era, para mim, um momento mais ambÃguo - uma fase de transição entre a loucura do verão e o silêncio do inverno. Achava lindo ver as folhas assumindo seus tons outonais e depois assistir elas caindo no chão, formando um bonito tapete amarelo. Mas, quando a noite chegava, e junto com ela aquele vento gelado, sabia que em breve teria que voltar para o casulo.
Semana passada, um amigo me lembrou que tÃnhamos acabado de entrar no outono. Olhei para o termômetro, que marcava 35 graus, e custei a acreditar que aquilo era verdade. Passados alguns dias, fui percebendo que mesmo sem o pantone laranja, a energia do outono está aqui. Sinto uma energia de transição; passada a euforia do verão, uma vontade de aquietar um pouco e voltar para casa, para dentro de mim. Gostei de pensar que mesmo morando no Brasil, ainda consigo me conectar com as sensações que as estações provocam.
Para receber o nosso outono em grande estilo, fiz uma seleção caprichada de programas, que vão deixar qualquer cidade do hemisfério norte passando vontade. Quem vem comigo?
Com amor,Â
Paula
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