Por conta da minha cirurgia, passei as últimas semanas na casa da minha mãe. Mesmo morando próximo uma da outra, a dinâmica dos nossos bairros é bem diferente, o que tem me feito pensar em como a nossa experiência da cidade muda de acordo com o lugar em que moramos.
O meu bairro é tão calmo, que lembra uma pequena cidade de interior. Ele cresceu em torno de uma praça – da qual estou morrendo de saudades – que funciona como um ponto de encontro para os moradores da região. É lá que eu fazia exercícios ao ar livre, levava a Bruschetta para brincar, lia sentada no banco embaixo das árvores, e conversava com os meus vizinhos. Essa praça e esses encontros sempre me trouxeram um senso de comunidade, mesmo morando em uma cidade tão grande como São Paulo.
Já a quadra da minha mãe é agitada e barulhenta, marcada por vários comércios. Não tem nada a ver com o silêncio da minha morada, mas estou descobrindo que aqui também existe uma comunidade.
Notei que os clientes do restaurante ao lado são sempre os mesmos, e que são quase todos moradores do bairro. Reparo que eles conhecem os garçons, e a maioria faz o pedido sem nem olhar o cardápio. As quintas-feiras, o restaurante fecha por conta da feira, e a calçada é tomada por pessoas comendo pastel e tomando caldo de cana.
O outro vizinho é uma escola de piano que funciona todos os dias, inclusive aos domingos; adoro imaginar quem são os alunos que tiram uma segunda-feira de manhã para tocar piano. Os aprendizes não são muito bons, e o professor poderia ser mais criativo – notei que ele só gosta de duas músicas do Tom Jobim e uma da Rita Lee – mas tenho adorado escutar piano ao vivo todos os dias.
Como hoje é a primeira sexta-feira do mês, é dia do nosso guia cultural de São Paulo. Montei a programação de fevereiro pensando nas particularidades de cada bairro, deixando o convite para sairmos das nossas bolhas, e viajarmos para os diferentes cantos da cidade. Cada um tem a sua magia, basta a gente querer enxergar.
Com amor,
Paula
P.S. Hoje, dia 2 de fevereiro, é Dia de Iemanjá. Pensando nela, fizemos um post no Instagram da NAZA com 22 dicas de Salvador, e criamos a playlist De Piracanga ao Rio Vermelho.
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