Oi Nazers!
Outro dia, acordei às 6:30 da manhã, li o noticiário e respondi os emails, corri, tomei banho, tive calls das 9:00 às 12:45 (com uma pausa no meio para uma sessão express de terapia, que foi o que a semana permitiu), saí correndo para não perder o meu horário para renovar o visto americano (delícia) e aí voei para Vila Buarque para dar início às reuniões da tarde. Terminei a última às 19:00, com a minha prima me dando uma carona.
Quando chegamos na porta da minha casa, ela me olhou e perguntou se eu não queria tomar uma caipirinha. Na hora, comecei a pensar em tudo que eu ainda teria que fazer aquela noite: follow-up das reuniões do dia, a mala para a viagem da manhã seguinte e, se desse tempo, ainda queria encaixar uma yoguinha no final do dia. Interromper a agenda para tomar uma caipirinha na véspera de uma viagem que já era no meio da semana seria uma insanidade. Não pensei duas vezes — disse sim. ÓBVIO que sim.
À medida que volto à vida "normal", em que dias insanos como esse são comuns, nunca quero esquecer de viver e estar presente com as pessoas que eu amo. Afinal, como disse John Lennon, "Life is what happens to you while you're busy making other plans."
Com amor,
Paula
GASPAR GASPARIAN
Fotógrafo 📸
Naquele fatídico dia, a mesa com a minha prima acabou crescendo e fomos acompanhadas por outros queridos da nossa família. Sempre admirei muito esse lado da família que vive da sua arte e expressa a sua criatividade. Temos palhaços, escritores, pintores, escultores, ceramistas e por aí vai…
Acho que, de certa forma, quem nos deu o exemplo e "permissão" para seguirmos esse caminho foi o meu bisavô, que há quase 100 anos quebrou barreiras ao se entregar à sua arte. Infelizmente, não o conheci pessoalmente, mas sempre me senti muito conectada com esse ser humano, que desde os anos 1930 rodava o mundo para lugares inóspitos com uma câmera na mão. Muita gente naquela época deve ter achado ele um maluco por se jogar na África e na Ásia, mas me identifico com ele e sinto que se o tivesse conhecido, seríamos melhores amigos.
Gaspar Gasparian faleceu em 1966 e deixou um acervo de fotos lindíssimo, mas esquecido. Com o passar do tempo, seu filho mais novo, que tem o mesmo nome (e que nome!), mergulhou nesse acervo como forma de reconhecer o seu pai. Esse resgate gerou um trabalho tão bonito, que as fotos hoje fazem parte dos acervos permanentes do MoMA e da Tate Modern. Sempre admirei muito como a curiosidade do meu bisavô o levou a conhecer outras realidades e como, para o meu tio-avô, o resgate das suas raízes lhe trouxe um grande propósito.

Quero maiZ: Este mês, fotos de Gaspar Gasparian estarão nas feiras Photo London e The Photography Show (da AIPAD, em Nova Iorque). Em São Paulo, seu trabalho é representado pela galerista Luciana Brito.
Quero maiZ ainda: No início do ano, comentei aqui sobre a exposição no MASP que gerou o livro Afro-Atlantic Histories. Agora, a exposição está rolando na National Gallery of Art em Washington (soube que está linda) e o livro, que tem uma foto do meu biso dentro, é um espetáculo (comprei na loja do MASP).

DICA (IN)ÚTIL 🔈
Descobri duas coisas inúteis mas muito divertidas na edição de ontem da newsletter Eat Your Nuts: uma é o Museu de Sons Ameaçados de Extinção e a outra é uma ferramenta que te permite ouvir sons de florestas ao redor do mundo. Curti bastante as duas.
PULITZER 🗞
Esta semana, foi divulgada a lista de ganhadores do Prêmio Pulitzer. O prêmio existe há mais de 100 anos e premia os melhores do jornalismo e da literatura do ano. Sinto que está na moda criticar a imprensa. De fato, tem muita coisa ruim, mas também tem coisa boa para caramba — adorei que os jornalistas da Ucrânia receberam uma menção especial por sua "coragem, resistência e compromisso" na cobertura da invasão do seu país pela Rússia. Gostaria de destacar o trabalho impecável do The New York Times (premiado quatro vezes); é com certeza minha assinatura com melhor custo-benefício. Vejam, por exemplo, esta matéria (que está mais para uma obra de arte) que saiu esta semana sobre a história da natureza-morta.
No Brasil, tenho curtido a newsletter diária e gratuita da Meio. E você, como tem se mantido informado?
LA HALLE AUX GRAINS
ViagenZ 🇫🇷
Me encantei com um restaurante em Paris, dentro da Bourse de Commerce, fundação que abriga a coleção de arte do François Pinault e que inaugurou no ano passado após ter sido renovado por um dos meus arquitetos favoritos do mundo, o japonês Tadao Ando. Halle aux Grains parece ser mais do que um restaurante de museu; parece unir arte, design (foi feito pelos irmãos Bouroullec), frescor e qualidade. O mais legal é que é tocado pela família Bras, que tem três gerações de chefs de cozinha. Com certeza vou provar na minha próxima ida à Cidade Luz.
A ELEGÂNCIA DO OURIÇO
LivroZ 📚
Já que fui teletransportada para Paris, vou falar de um dos meus livros favoritos que se passa na cidade (mais precisamente no coração do 7eme arrondissement).
A elegância do ouriço conta a história de uma excêntrica concierge parisiense e de uma menina brilhante de 12 anos. No romance, Muriel Barbery nos dá um retrato emotivo de duas figuras excluídas da sociedade. Sempre fui fascinada por párias da sociedade e suas perspectivas do mundo, então me senti privilegiada de poder vislumbrar os pensamentos geniais e sensíveis de Renée e Paloma. Às vezes com comentários hilários, em outros momentos com profundas reflexões, a autora nos dá uma visão muito poética da vida e das relações humanas. O livro me fez reavaliar minhas preocupações e prioridades, servindo como uma forma de lembrete das coisas importantes da vida. É uma verdadeira jóia.
Quero maiZ: A Companhia das Letras acaba de lançar o novo livro da Muriel Barbery, Uma rosa só. Ouvi este episódio do podcast Rádio Companhia sobre as duas obras de Barbery e fiquei louca para ler o novo romance:
TAKKØ CAFÉ
CaféZ ☕️
De volta à Vila Buarque, passar as tardes trabalhando no Takkø Café tem me trazido um respiro em meio ao caos da semana. Toda vez que estou lá, sinto que estou viajando — em particular, sinto que estou em Berlin. Não sei se é porque não tem Wi-Fi, porque você mesmo pega sua bebida da geladeira, ou porque todo mundo que frequenta tem cara de quem trabalha com algo super interessante (tipo com roupas feitas de hemp ou na produção de cogumelos rs). Não posso comentar sobre o café em si porque não tomo café (julguem-me); mas quem entende atesta que é o melhor da cidade. Já o matcha sim, posso dizer que é meu favorito de SP : )

Takkø Café
Rua Major Sertório 553, Vila Buarque, São Paulo
ASSAZ
Padaria 🥖
A poucos metros do Takkø fica a padaria orgânica Assaz. É um buraco na parede, onde diariamente são assadas delícias como os queridinhos franceses cannelé de Bordeaux, pain de campagne e financier, além de iguarias nacionais, como o nosso bom e velho pão de queijo e pão de forma. Só de pensar já deu água na boca…

Assaz Orgânica
Rua Major Sertório 234, Centro, São Paulo
DICA QUENTE 🔥
Tou curiosa para conhecer o Preto, restaurante que acabou de inaugurar em Pinheiros. Nas palavras deles, é "um lugar de culinária afrodescendente dentro de um formato inovador. Mirando o futuro sem esquecer do passado!" Foi direto para a lista! #sextou

Mais uma edicao deliciosa! Parabens!
Maravilhosa mesmo!