Você sabe porque as árvores caem quando chove? Eu não sabia, e fui pesquisar.
O biólogo Marcos Buckeridge, diretor do Instituto de Biociências da USP, deu algumas explicações, e essa chamou a minha atenção: as raízes das árvores ficam sufocadas pelo cimento ou asfalto da rua e, vulnerabilizadas, caem com as chuvas.
Ao ler isso, foi impossível não traçar um paralelo entre este comportamento, e as nossas quedas e erupções.
Cedo ou tarde, acredito que todos nós realizaremos que estouramos quando guardamos as nossas emoções para dentro. Essa explosão pode se manifestar fisicamente - como é o caso de tantas dores e doenças, ou até mesmo das espinhas da adolescência - ou no âmbito emocional. De uma forma ou de outra, a conta chega quando nos reprimimos.
No mesmo dia em que li sobre as árvores, cheguei em casa com um pouco de ressaca moral, sentido que me expus demais em um encontro social. Aliás, esse sentimento não me é estranho, até porque “falar apenas o necessário” não está entre as minhas qualidades rsrs.
Fiquei pensando em ambas as situações – na repressão das árvores e no meu sentimento de subexposição - e me senti um pouco melhor. Quero sim escolher cada vez mais para quem me abro e em quais circunstâncias o faço, mas não quero deixar de fazê-lo. Até porque, é quando nos mostramos vulneráveis que as conexões mais intensas e mágicas acontecem.
Com amor,
Paula
Sesc 14 Bis 📸
A cada ida a uma unidade do Sesc, me encho de felicidade ao ver as suas instalações sempre cheias. Essa semana fui conhecer o recém-aberto Sesc 14 Bis, e não foi diferente. Fui na terça-feira, 4 dias após a abertura, e os espaços já estavam ocupados por adultos e crianças curtindo o local.
A nova unidade do Sesc fica na Bela Vista, na antiga sede do Fecomercio. Neste vídeo, é possível dar uma espiada no prédio, que tem entre os seus equipamentos um teatro com capacidade para 513 pessoas, uma biblioteca e um canto para leitura.
O espaço foi inaugurado com um show do Martinho da Vila, e já recebeu a Orquestra Mundana Refugi, que é formada por vinte e dois músicos, entre eles imigrantes, refugiados e brasileiros. No térreo, está em cartaz a exposição Constelação Celestina, que apresenta o trabalho de mais de 40 anos do fotógrafo Wagner Celestino sobre o universo afropaulista. Semana que vem, a unidade recebe parte da programação do Sesc Jazz, que resenhamos na última Agenda da NAZA. Vida longa ao Sesc!

Quero maiZ: este podcast do Betoneira é ótimo para conhecer melhor o Danilo Santos de Miranda, diretor do Sesc desde 1984. E neste artigo, você poder ler sobre as unidades previstas para serem inauguradas nos próximos anos.
47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo 📽
Outra instituição cultural que amo em São Paulo é a Mostra. Esse ano, ela começa no dia 18 com o filme Anatomia de uma Queda, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes. O filme, da diretora francesa Justine Triet, tem a seguinte sinopse: “um casal mora, com o filho deficiente visual, em uma região montanhosa e isolada. Um dia, o pai é encontrado morto e a mãe é a principal suspeita.”

Além do vencedor de Cannes, o festival apresentará 355 filmes, vindos de 96 países. Na última Agenda da NAZA, escolhi alguns filmes que quero assistir e, nesta newsletter, a Gaia Passarelli destacou 11 filmes imperdíveis que estarão na Mostra. Os ingressos e passes começam a ser vendidos amanhã, através deste link.
Elis & Tom 🎶
Falando em cinema, no domingo fui assistir o documentário Elis & Tom na minha sala favorita, o CineSala. O filme, dirigido por Roberto de Oliveira (cineasta e então empresário de Elis), registra o momento da gravação do disco Elis & Tom em Los Angeles. Alguns trechos das filmagens já haviam sido divulgadas ao longo do tempo, mas Oliveira guardou por quase 50 anos mais de cinco horas de registros. Nesta entrevista, ele conta um pouco sobre o processo de fazer o filme.

Fiquei muito impressionada com a qualidade das imagens e do som; me senti dentro do estúdio com os músicos. Descobri que o filme passou por um importante tratamento de imagem para ser lançado em 4K. Além disso, foi usada inteligência artificial para deixar o áudio mais limpo e claro. Foi uma das poucas vezes que vi um filme ser aplaudido ao final da sessão no cinema.
Meu Nome é Gal 🎙
Ontem estreou outra cinebiografia centrada em um artista brasileiro. Dessa vez, a história é sobre a icônica Gal Costa.
Protagonizado por Sophie Charlotte, o longa dirigido por Lô Politi e Dandara Ferreira passa entre o fim dos anos 1960 e o começo da década seguinte, e narra a gênese da tropicália por meio da trajetória da cantora. Mostra a baiana chegando ao Sudeste e como ela era, de maneira espontânea, a representação mais fidedigna das ideias de Caetano, Gil e outras mentes por trás do movimento.

Por mais que Gal tenha nos deixado antes do filme ficar pronto, foi ela que o encomendou para Dandara, e quem escolheu Sophie Charlotte para representá-la. Estou contando os minutos para assistir.
Clássicos e a Formação de Leitores 📚
Adorei o conceito deste curso para educadores que acontece na semana que vem pela Companhia das Letras. Sob o nome Clássicos e a formação de leitores, o curso online e gratuito acontece entre os dias 17 e 19, com o objetivo de aprofundar a temática das leituras e dos livros clássicos na escola. Deixo aqui um resumo:
A proposta é discutir a construção de clássicos desde a infância – começando com aulas sobre contos de fadas clássicos e contemporâneos – e a importância dos clássicos para a formação dos leitores em todas as etapas escolares. Ainda serão debatidas: a edição das obras clássicas; como as definições de Italo Calvino, em Por que ler os clássicos, se relacionam com uma diversificação do cânone; a adaptação de clássicos para o público juvenil e para os quadrinhos; a mediação da leitura de clássicos na escola; como conquistar e formar esses leitores, e de que maneira diferentes leitores fazem com que a noção de clássico seja ampliada.
Noto cada vez mais como é importante lermos obras clássicas, portanto achei genial a ideia de um curso que ajude educadores a trabalhar com eles de uma forma mais inteligente e criativa. Nunca me esqueço de como uma professora conseguiu me fazer amar a obra de Machado de Assis. Entre os palestrantes do curso, estão o escritor e professor Antonio Xerxenesky. A programação completa está abaixo.
Listening Bars 💿
Se os “listening bars” ainda não estão no seu radar, eles logo estarão, já que eles são a última tendência nas principais capitais do mundo hoje.
Também conhecidos como bares de audição, eles tiveram origem no início do século passado no Japão, na forma dos Jazz kissa. Esses espaços tem em comum sistemas de som de altíssimo nível, possibilitando que a música funcione como protagonista, e não como pano de fundo. Na edição A escuta como estado contemplativo da Espiral, a Lalai entrou a fundo no gênero, e escreveu sobre os quatro bares de audição que existem hoje em Berlim (nem acredito que tive a sorte de conhecer dois deles no mês passado).
Desde então, o conceito viajou pelo mundo, até aterrissar recentemente em São Paulo. Já temos ao menos três - o Domo, o Elevado Conselheiro e o Matiz - e em breve ganharemos outro no térreo do Edifício Renata. Esta matéria entrevistou os sócios de alguns deles, que explicaram como eles adaptaram o conceito para caber no contexto brasileiro.

Agenda da NAZA 🚀
Para quem estiver passando o feriado em São Paulo, o nosso guia cultural de outubro tem muita dica legal para você aproveitar a cidade neste final de semana. Para acessar, clique no post abaixo.
Bellevue 🏰
Semana passada fui a Berlin correr a minha segunda maratona. Foi mais uma prova que trouxe grandes aprendizados, que continuam surgindo com o passar dos dias. Acho realmente incrível como a corrida, com todos os seus altos e baixos, funciona como uma metáfora para a vida.
Paula boa noite
Gosto muito das suas newsletter, principalmente porque tem um horário que chamo de canônico que é 11:11hs, que tal escrever um artigo sobre Ferdinand Berthier, educador surdo, cuide-se.
Esse texto me pegou 🤍