Um dia em que eu estava ansiosa, fiz este exercício: olhe para três coisas vermelhas, preste atenção em três sons diferentes, e mexa três partes do seu corpo. Segui as instruções e reparei que fiquei um pouquinho melhor. Repeti em outras ocasiões — menos do que deveria — e o efeito foi sempre positivo.
Percebi que ativar os meus sentidos me ajuda a sair um pouco da minha cabeça. Ouvi esta semana a lendária chef Alice Waters dizer a mesma coisa, da forma inversa: nossos sentidos são o caminho para a nossa mente. No mundo tecnológico em que vivemos, estamos nos privando de experiências sensoriais…de tocar, cheirar, e olhar para o mundo ao nosso redor.
Esta semana não fiz os três passos, mas parei para olhar um pai ensinar uma filha andar de bicicleta, ouvir uma conversa entre duas crianças, e sentir o cheiro das castanhas carameladas no aeroporto. Em todos esses momentos, saí um pouco da minha conversa mental, e vi beleza no mundo. Recomendo.
Com amor,
Paula
Giro de Podcasts 🎙
Alice Waters no Wiser Than Me: ouvi a icônica chef americana falar sobre os sentidos e muito mais no podcast da Julia Louis-Dreyfus. No auge de seus oitenta anos, Waters relembrou o dia em que ela cozinhou um sapato para o Werner Herzog, contou que quer ser enterrada sem caixão, e falou sobre a rotina dos profissionais de seu restaurante Chez Panisse. Ela deve o sucesso da casa — que existe há mais de 50 anos em Berkeley e é considerada o berço do movimento “farm-to-table” contemporâneo — à rotina alternativa dos funcionários. Eles ganham salário integral, mas trabalham três dias por semana. Nos outros dias, são incentivados a experimentar comidas e a passar tempo com a família. Adorei!

Mulheres Orgulhosamente Desobedientes no Bom dia, Obvious: gostei muito dessa conversa entre a atriz Fernanda Nobre e a entrevistadora Marcella Ceribelli. A tagline do episódio é: ser mulher desobediente é revolucionário em uma sociedade que exige a perfeição feminina. Ao longo de 45 minutos, a dupla conversa sobre autonomia, relacionamentos, maternidade, não-monogamia e muito mais. Ótimo.
Antonio Prata no Daria um Livro: nesse papo, Pedro Pacifico, o Bookster, conversa com o cronista Antonio Prata. Sempre com ótimo senso de humor, Prata relata como é importante ter livros em casa, mesmo que eles não sejam lidos. A conversa terminou com um papo engraçado acerca da chatice que virou a internet hoje, em que eles citam episódios tragicômicos como o “sorvete da discórdia”.
Kamala Harris no Call Her Daddy: escutei a vice-presidente americana ser entrevistada pela Alexandra Cooper. Nesse podcast, elas falam sobre sexualidade, saúde mental, acesso ao aborto, entre outros. Foi bom ouvir uma conversa sensata envolvendo um candidato eleitoral.
Dira Paes no Trip FM: nesse podcast, a atriz Dira Paes fala a respeito de sua primeira experiência como diretora (ela acaba de lançar o longa Pasárgada, em que ela também atua). Sobre interpretar uma personagem que ela mesma criou, Dira diz: eu estava pensando em um lado meu mais lunar…justo eu que sou uma pessoa extrovertida, fui buscando meus avessos. Essa personagem me trouxe outro movimento, algo que não sou muito convidada pra fazer. Eu queria essa vilania. Na conversa com Paulo Lima, a artista paraense falou também sobre seu ativismo, que precede sua carreira nas telonas.
A Salvador de Jorge Amado, Carybé e Pierre Verger com Nomad Roots 🧳
O destino que está chamando meu coração no momento não é nenhum do outro lado do mundo…é Salvador da Bahia! Estou com muita vontade de voltar para a capital baiana, para esta viagem com a Nomad Roots. Serão 4 dias, no feriado da Consciência Negra (20 de novembro), com o seguinte tema:
Uma viagem inspirada na vida e obra de Pierre Verger, fotógrafo francês que morou na Bahia, Carybé, pintor argentino que também encontrou em Salvador a sua segunda casa e Jorge Amado, o baiano que é considerado um dos maiores escritores brasileiros. Os três nutriram uma amizade sincera e uma paixão genuína em comum: o viver baiano, em sua mais pura essência. Além de seguir os passos do trio, vamos trilhar outros percursos artísticos que passam pela Salvador de Dorival Caymmi, Vinicius de Moraes, Mario Cravo, Lina Bo Bardi entre outros.
Estão no roteiro uma visita à Feira São Joaquim, à um terreiro, à casa onde moraram Jorge Amado e Zélia Gattai, e muitas outras surpresas. No vídeo abaixo, a Teté, idealizadora da viagem, contou como nasceu o roteiro. Vamos nessa? Para saber mais, clique aqui.
Ainda Estou Aqui 🍿
Tive a oportunidade de assistir em primeira mão Ainda Estou Aqui, novo longa de Walter Salles, que está dando o que falar no universo do cinema mundo afora. Produzido pela RT Features, o filme conta a história da família Paiva, começando nos anos 1970 no Rio de Janeiro.
Baseado no livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva, a trama retrata a história de sua mãe, Eunice Paiva, uma advogada que acabou se tornando ativista política na sequência do sequestro de seu marido pela ditadura militar. Fernanda Torres está impecável no papel principal, e Selton Mello foi a escolha perfeita para retratar Rubens. O filme será exibido mais três vezes na Mostra, e deve entrar em cartaz nos cinemas a partir de novembro.

Quero maiZ: esta semana, Fernanda Montenegro completou 95 anos. O post abaixo celebrou a vida da atriz. Viva ela!
Choribar 👩🏻🍳
Abre oficialmente hoje a primeira casa de São Paulo especializada em choripan, o clássico sanduíche argentino que leva pão e linguiça (o nome vem da junção de chorizo (linguiça) e pan (pão)). Localizado na esquina da Mateus Grou com a rua dos Pinheiros, o Choribar é a mais nova empreitada do chef assador uruguaio Diego Perez Sosa, criador da Cozinha de Fogos. As delícias são feitas de forma artesanal, no açougue montado dentro da loja. Vegetarianos, não desanimem; existe uma versão sem carne que é muy rica!
Agenda da NAZA 🚀
Está em São Paulo este final de semana? Entre no link abaixo para ver a Agenda da NAZA, nosso guia cultural com tudo que está rolando em São Paulo este mês.
Bancos 🪑
Se eu fosse projetar uma cidade, ela teria muitos bancos. Colocaria um em cada esquina, convidando as pessoas a se sentarem. Nem que seja por um breve momento, abancar-se é uma forma de parar um pouco, na correria do dia a dia.
AMEI a indicação do podcast com a alice waters (quanta sabedoria, que bênção ouvir mulheres vividas-sábias!) e pensei na futurista li edelkoort que dizia, aaaaanooossss atrás, que a gente ia ter mais e mais vontade de vestir texturas (na gente e nos nossos espaços) por conta da quantidade crescente de telas de vidro em nossas vidas -e que textura é o sentido do aconchego, que toque é também pertencimento, que puxa pro abraço e pra conexão <3