De uma forma ou de outra, o palco sempre esteve presente na minha vida. Quando eu era criança, meus pobres familiares eram obrigados a ouvir horas de shows de karaokê em que eu cantava Kid Abelha no máximo volume: "fazer amor de maadrugaaaadaa"(em cima da cama, embaixo da escada). Um pouco mais velha, foi a vez das entrevistas para a câmera de vÃdeo do meu pai e das peças de teatro na escola — até que, na minha formatura, acabei sendo a oradora do meu ano.Â
Essa relação com o palco seguiu na minha vida adulta. No meu primeiro trabalho, na falta de um representante da empresa, acabei dando uma entrevista para a TV. Lembro até hoje da cara de decepção da entrevistadora, achando que ela iria entrevistar uma grande empreendedora, e eu apareci no lugar com meus 22 anos recém-feitos. Alguns anos atrás, sobrou para mim ser a "mestre de cerimônias" num evento de trabalho, em que acabei dividindo o palco com o Luciano Huck e o João Dória rsrs. Na pandemia, me arrisquei em algumas lives, e acabei fazendo um discurso em um casamento e outro em uma missa.
Em alguns momentos disfarçei melhor do que em outros, mas em todas essas situações, sem exceção, eu estava muito nervosa. Nos dias que antecediam, ficava fora de mim, passava dias sem dormir, me questionando: será que vou conseguir? Será que mereço estar aqui? Será que sou boa o suficiente? Ninguém vai rir, vai ser um desastre, vou desistir…Era tomada por um misto de sÃndrome da impostora com auto-sabotagem que dava um tilt na minha cabeça. Sempre falava para mim mesma que não iria me colocar nessa situação outra vez. E quando via, por alguma razão, lá estava eu de novo.Â
O mês de março começou para mim no palco. Fui convidada para falar num lugar que adoro, com duas mulheres que admiro muito, para celebrar o mês das melhores pessoas do mundo: as mulheres. A sÃndrome da impostora bateu, principalmente quando vi quem eram as outras palestrantes, mas superar isso foi incrÃvel e rendeu um papo muito bacana sobre ser mulher em ambientes de trabalho predominantemente masculinos.Â
Notei que de todas as vezes que tive que subir no palco, foi a vez em que me senti mais à vontade — não porque eu estivesse mais preparada (longe disso), mas porque hoje, um pouco mais velha, estou cada vez mais segura e me importando menos com o que os outros vão pensar. Não é nada fácil, mas sinto que cada vez que enfrento esse medo, estou ganhando um pouquinho dessa sÃndrome da impostora.Â
Hoje, por mais que já ouço as vozes da insegurança querendo aparecer, estou animada para terminar o mês falando em um outro evento, desta vez ao lado de alguns dos nomes que mais admiro da literatura brasileira atual. Estaria mentindo se eu dissesse que os medos não estão aqui comigo, mas sei que, de um jeito ou de outro, vou encará-los e sair do outro lado mais confiante. Se você quiser participar, vou amar — contei mais sobre esses eventos aqui, na seção Miscelânea desta Agenda.Â
Entre essa primeira subida no palco e a roda de conversa que acontecerá no final do mês, estou morrendo de vontade de desbravar a cidade, agora que o ano finalmente "começou". Tem diversos eventos dedicados ao mês das mulheres, festivais de música de porte internacional, eventos na arte que reúnem pessoas do mundo inteiro e muito mais. Selecionei os meus favoritos com muito carinho para vocês, que apoiam o nosso trabalho. Quem vem comigo?
Com amor,Â
PaulaÂ
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