O meu pedaço de verde favorito da cidade, talvez do mundo, é o Trianon. É fácil um parque ser bonito em Paris ou Londres, mas quero ver ser bonito em São Paulo, em plena Avenida Paulista.
Inaugurado em 1892, um ano depois da inauguração da avenida, o parque nasceu em um momento em que o romantismo europeu do século XIX era vangloriado pela elite paulistana. Assim, acabou ganhando ares de um jardim inglês, mas com a vegetação remanescente da Mata Atlântica da região do alto do Caguaçú, atual espigão da Paulista. São 135 espécies registradas, dentre elas cedro, jequitibá, pau-ferro, sapucaia e palmeira-de-leque-da-china, além de árvores que estão ameaçadas como o palmito-juçara. Essa densidade botânica — o parque é mínimo em relação ao seu número de árvores — faz com que o jogo de luz e sombra que acontece ao longo do dia crie uma atmosfera mágica, melhor que qualquer Disney.
Hoje, as esculturas de Brecheret e Leopoldo e Silva estão acinzentadas, e os ladrilhos feitos de pedras portuguesas estão sujos. Não é incomum ver moradores de rua deitados nos bancos, e a fama do parque não é boa. Mas, ainda assim, e talvez mais do que nunca, ele serve como refúgio para a pauliceia desvairada. Ali, as buzinas da região somem perante o cantar dos passarinhos. A sensação térmica baixa no mínimo três graus. O contraste entre o cinza do concreto e o verde das árvores impressiona. Sua ponte, que sobrevoa a Santos, conduz seus visitantes para longe das maluquices do centro, levando-os para dentro da bolha dos Jardins; é também um lugar de passagem.
Como é possível dois vizinhos, a Paulista e o Trianon, serem tão diferentes? É justamente esta disparidade que faz o parque ser ainda mais especial, e tão necessário.
Com amor,
Paula
Hacks 🍿
Só agora parei para assistir os novos episódios de Hacks (Max). Estrelada por Jean Smart, a série conseguiu se superar nessa terceira temporada. O que mais gostei foi a forma como o roteiro trata de temas polêmicos de hoje em dia, como a cultura do cancelamento, de forma que nos faz pensar além das nossas convicções e considerar outras perspectivas. Os personagens são bem construídos, com destaque para a brilhante Smart, e a evolução deles a cada temporada foi muito bem trabalhada. Assim, Hacks é um excelente exemplo de boa comédia, sagaz e atual. Leve, hilário e gostoso de assistir.

Giro de Podcasts 🎙
Esses foram os melhores podcasts que ouvi recentemente:
The Brain Rot Dr no The Diary Of A CEO with Steven Bartlett: quando vi a capa e o título desse episódio — We're ALL Getting More Narcissistic! — tinha certeza que não gostaria da conversa; julguei que seria um papo barato de auto-ajuda. Mas, como uma grande amiga tinha me recomendado fortemente, apertei o play e quando vi tinham se passado duas horas. Ao falar sobre assuntos como ansiedade social, dificuldade em se apaixonar, e a epidemia da solidão, o psiquiatra Alok Kanojia dá uma verdadeira aula sobre as grandes questões de saúde mental dos nossos dias. Muito valioso.
Você é o Que Você Come? no Quarta Capa Todavia: este podcast não é sobre dietas ou nada do gênero; é sobre tradições alimentares, e como a nossa relação com a comida não só nos define, mas também dita nossa história. É conduzido pelo jornalista Rafael Tonon, e conta com a participação especial das chefs Paola Carosella e Cafira. Nos faz refletir sobre como as nossas escolhas alimentares de hoje, constroem o mundo de amanhã.
O Estranho Familiar com Vera Iaconelli para Casa do Saber: sempre simpatizei com a psicanalista Vera Iaconelli, portanto fui correndo ouvir seu novo podcast, produzido pela Casa do Saber. Nos episódios, Vera entrevista personalidades como Fernanda Lima, Christian Dunker, Tati Bernardi, Andrea del Fuego e Jefferson Tenório, com o objetivo de explorar o que significa “família” para cada um deles. As conversas são francas, sensíveis, e até engraçadas. Estou adorando.
Sua Ansiedade Está Mentindo Para Você com Alexandre Coimbra Amaral para Bom dia, Obvious: o psicólogo Alexandre Coimbra Amaral é outro cujo trabalho adoro, principalmente pela sua forma de descrever tão bem os tempos atuais. Nessa conversa com a Marcela Ceribelli, Coimbra Amaral conta como a ansiedade já não é mais um fenômeno exclusivo que afeta algumas pessoas, e sim algo que está em todos nós. A conversa nos ajuda a entender como esse sentimento está presente na vida contemporânea de formas que nem imaginamos.
The Fresh Goodies 🥗
Inaugurado há menos de um mês, o The Fresh Goodies é o mais novo restaurante saudável da cidade. Aberto ininterruptamente do café da manhã ao jantar, tudo foi feito pensando em saúde; até os drinks, por exemplo, não tem açúcar e levam superfoods brasileiros.
Fui almoçar na casa e tive uma boa experiência. Pedimos alguns bowls para dividir, acompanhado de um atum (tem uma parte do menu que é dedicada às proteínas). Fiquei com vontade de voltar para o café da manhã, que oferece boas opções de smoothies, shots funcionais, sucos prensados, toasts, ovos, e muito mais. O ambiente é amplo e arejado, com um clima Mediterrâneo; um respiro no meio do Itaim.
Boca de Ouro 🍸
Fui pela primeira vez (!) em um dos bares mais famosos de Pinheiros, o Boca de Ouro. Me senti em casa logo de cara, pela descontração do ambiente que me lembrou uma cervejaria ou pub inglês, e pela gentileza dos atendentes. Gostei que por trás de toda essa informalidade, saem drinks de primeira detrás do balção. Originalmente focado em coquetéis clássicos, o bar acabou de inaugurar uma nova carta repleta de criações autorais. Nessa primeira ida acabei optando por estas, mas certamente voltarei para provar o clássico Macunaíma, inventado na casa.
Agenda da NAZA 🚀
Que tal aproveitar os feriados da semana para explorar a cidade? No nosso guia cultural de São Paulo, temos centenas de dicas de programas legais que estão acontecendo agora. Clique no link abaixo para acessar; é uma forma de se manter atualizado, e de apoiar o nosso trabalho. Muito obrigada!
Vento 🌬
O meu fenômeno temporal favorito é o vento. Sou fascinada desde sempre pelo cantar do ar. Quando fraco, sussurra mensagens que chegam dançando pelo espaço. Em sua potência máxima berra embora o que não nos serve mais.
Na penúltima vez em que estive no Brasil, passei por São Paulo e dei um pulo no Trianon. Lembro que pensei que o parque era mesmo uma síntese do país, inclusive com todos os seus contrastes, contradições e, claro, beleza profunda.
Eu amo Trianon desde minha infância no Dante! É único mesmo!