Desde que descobri a minha fratura, embarquei em uma investigação profunda da minha saúde. Se antes eu já era ligada no assunto, agora virei insuportável. Além dos ortopedistas tradicionais, nos últimos dias fui em um médico antroposófico, em uma neurologista unicista, em uma naturóloga, fora as sessões de acupuntura, sauna infravermelha, reiki e massagens. Gosto de me cuidar e na hora que o corpo apitou, senti mais vontade ainda de tomar conta de mim.
Em duas dessas consultas, depois de ser questionada a respeito do meu intestino e antes das perguntas sobre o meu sono, os médicos me perguntaram se eu chorava. Assim, na lata: Você chora?
Respondi que não, que era raríssimo eu chorar, mas que não tinha dificuldade em colocar as minhas emoções para fora. Para um deles, até comentei que eu tinha uma newsletter, em que me expunha para milhares de desconhecidos. Os médicos pareciam ter aceitado a minha resposta, mas a pergunta ficou comigo.
Passados alguns dias, aproveitei uma tarde chuvosa para ir ao cinema sozinha. No meio da sessão, comecei a sentir um nó na garganta, o que logo reconheci como o clássico sintoma pré-choro. Depois percebi os cílios molhados e, quando vi, estava com a mão na boca tentando conter os soluços. Eu estava chorando.
Quando falo que essa experiência com a fratura tem me trazido ganhos e muitos aprendizados, não estou mentindo; ela até me ensinou a chorar de novo.
Com amor,
Paula
Os Rejeitados 🍿
O filme que me fez cair no choro foi Os Rejeitados, longa de Alexander Payne, diretor de Sideways e About Schmidt. Estrelado pelo brilhante Paul Giamatti e pelo (excelente) novato Dominic Sessa, o filme conta a história de um rígido professor de um colégio interno em Massachussets, que é forçado a supervisionar um grupo de alunos que não têm para onde ir nas férias de Natal (“os holdovers”, nome do filme em inglês).
Se eu não soubesse que o filme é de hoje, chutaria que ele é da década de oitenta; ele tem ares dos filmes da época, como os de Robbin Williams. A trilha sonora, os diálogos, o cenário e a atuação fazem dele um clássico, já de partida. Até cheguei a questionar se ele é mesmo tão bom assim, mas já recomendei para algumas pessoas, e todos parecem estar de acordo comigo. Se alguém assistir e quiser me contar o que achou, vou adorar saber.
A morte é um dia que vale a pena viver de Ana Claudia Quintana Arantes 📚
Além do choro, outra coisa boa desse período que estou vivendo é que tenho conseguido ler bastante. Esta semana já foram três.
A morte é um dia que vale a pena viver, da médica Ana Claudia Quintana Arantes, foi presente de uma querida amiga. Médica geriatra formada pela USP e especialista em Cuidados Paliativos e Suporte ao Luto, Ana Claudia tem uma visão do cuidar que difere da medicina tradicional. Diferente do que o título sugere, o livro não é sobre a morte, mas sim sobre a vida. Ele nos convida a olhar para a forma como escolhemos viver.
Independente de gostar ou não do livro, ele introduz uma conversa que precisamos ter, que é acerca da morte. O assunto costuma ser tratado como tabu, mas a verdade é que esse dia vai chegar para todos nós, então porque não falar dele?
Teatro Oficina 🎭
Tenho vergonha de admitir que até domingo passado nunca tinha ido ao Teatro Oficina. Acompanhava de longe o trabalho do Zé Celso, mas ainda não tinha assistido a um espetáculo da companhia.
Como eu já esperava, adorei o teatro em si. A arquitetura - com seus tijolos, andaimes e janelões de vidro que abrem para a rua - é impactante. O espetáculo, uma releitura de Shakespeare que leva o nome O Jogo do Poder, não faz meu gênero, mas voltarei para conferir as próximas atrações.
Agenda da NAZA 🚀
Na Agenda da NAZA de janeiro, temos mais de 10 peças de teatro listadas. Fora elas, selecionamos shows, exposições, cursos, novidades gastronômicas e muito mais, para deixar o seu mês mais divertido. Entre no link abaixo para conferir.
Antonio Prata na Escrevedeira ✍🏻
Voltei esta semana para a sala de aula na Escrevedeira, minha escola favorita. O que me levou até lá desta vez foi uma oficina com o Antonio Prata, que deu uma aula sobre crônicas. Foi uma tarde gostosa, em que descobri várias crônicas que adorei, como Homem no mar de Rubem Braga, e esta da Flávia Boggio, que também participou do curso.
Jacó 🍸
A poucos metros da Escrevedeira, no coração da Vila Madalena, nasceu o Jacó. Com cardápio enxuto feito de pratos modernos e autorais, o restaurante fica em uma casa com uma grande cozinha aberta.
Tenho o péssimo hábito de querer conhecer um restaurante já na semana de abertura, como foi o caso com o Jacó, o que nunca é uma boa ideia já que eles costumam ainda estar em fase de testes. Fui extremamente bem atendida, mas aconselho irem daqui um ou dois meses, quando tudo tiver mais azeitado.
Sempre bom lembrar…
...chorar no cinema é uma delícia quando acontece! Raramente acontece, mas eu amo quando um filme me leva a isto.
Não sei se vc viu The Quiet Girl, se não viu veja.
Paula, amei os Rejeitados e The Quiet Girl, sugerido pelo comentário anterior. Como você, choro pouco e amo quando um filme ou livro me desperta essa emoção. O último, pasme, foi a série Jury of Duty, no momento da revelação final. Fui na semana passada conferir o Jacó e me deliciei com os nossos sabores amalgamados em versões tão além do quibe e esfiha. Bjo