No outro dia, preenchi um questionário que tinha a seguinte pergunta: “O que você admira em uma mulher?” A primeira resposta que me veio à mente foi “Quando uma mulher se mostra vulnerável”.
Não estou falando de quando ela expõe algo que dá uma vergonhazinha, tipo contar que soltou um pum na aula de yoga. Me refiro à coragem para falar daquele tema que dói tanto que não queremos admitir nem para nós mesmos.
O exemplo mais radical que vi disso recentemente foi o da artista inglesa Tracey Emin. Ouvi recentemente um podcast em que ela foi entrevistada, e logo depois fui pesquisar o que ela anda fazendo hoje em dia. Descobri que ela teve um câncer seríssimo de bexiga, que fez com que ela tivesse que remover o órgão após uma série de cirurgias. Encontrei centenas de selfies com sondas, cicatrizes, sangue e tudo mais que esse processo envolve. Acompanhando as fotos e longos relatos sobre as suas dores e frustrações, ela descreve situações absurdas que ela vive, como quando ela entrou numa loja da Chanel e a sua bolsa de xixi estourou na frente de todo mundo.
Num primeiro momento, fiquei em choque com as histórias e as imagens — elas são, definitivamente, #nofilter. Mas, à medida que fui entrando na sua história, fui me apaixonando cada vez mais por essa mulher e pela sua coragem em mostrar “o que deve ser escondido”. Enquanto uns gastam fortunas tentando esconder procedimentos e cicatrizes, lá estava ela, nua, mostrando seu novo corpo para quem quisesse ver. Tem muita coisa errada na internet, mas quando ela serve como um lugar de partilha e conexão, acho bonito de ver.
Com amor,
Paula
TRACEY EMIN
Artista 🛏️
Se você não conhece o trabalho e a trajetória da Tracey Emin, vale a pena. Neste podcast com a Ruthie Rogers ela conta um pouco da sua infância insana; e este episódio do Desert Island Discs deixa claro o quanto ela já causou no Reino Unido.
Falando em causar, uma de suas obras mais conhecidas é My Bed — literalmente, a sua cama, que ela trouxe ao público ainda com elementos como camisinhas, secreções, calcinhas e outros objetos. Ela exibiu a obra na Tate Gallery em 1999 (ou seja, quando se expor ainda não estava na moda), e foi vendida em 2014 pela Christie’s por 2,5 milhões de libras.

O MÉTODO DE STUTZ
Documentário 🧑⚕️
Ainda na linha de expor vulnerabilidades, gostei bastante do documentário O Método de Stutz (Netflix), em que o ator Jonah Hill entrevista o seu terapeuta. Achei muito linda a relação dos dois, e inteligente a forma como eles quebram a barreira entre o filme e a realidade (não vou falar mais para não estragar a surpresa). Às tantas, o terapeuta diz: "You can't move forward without being vulnerable". Eu não poderia concordar mais.

BARDO
Cinema 🎥
Outro filme que vi e adorei recentemente foi Bardo, o novo longa de Alejandro Iñárritu. É sobre Silverio Gama, um famoso diretor de documentários morando em Los Angeles, e sua volta à cidade onde nasceu no México para receber um prêmio. Na viagem, Gama — brilhantemente interpretado por Daniel Giménez Cacho — enfrenta memórias e experiências que o levam a ter uma série de crises à la “síndrome do impostor”.
Temas como imigração, colonialismo e paternidade estão presentes ao longo do filme, cuja fotografia é belíssima. Não peguei algumas referências — principalmente relacionadas à história do México — e achei longo, mas mesmo assim gostei demais dessa nova obra-prima do diretor mexicano. Acabou de estrear no cinema e recomendo muito ver numa telona; mas, se não puder, estreia em dezembro no Netflix.

C⚽PA DO MUND🌍
Tenho lido muito sobre as controvérsias que cercam essa Copa, que vão da corrupção à violação de direitos humanos (já são mais de 7.000 mortes registradas por conta das condições de trabalho na preparação da Copa no Catar).
Se quiser se aprofundar no tema, recomendo este episódio do Sequestro da Amarelinha com José Roberto de Toledo, Jamil Chade e Milly Lacombe. É ótimo. Também gostei deste artigo do New York Times, que fala sobre os trabalhadores no Catar, e esta newsletter do Morning Brew, que fez uma boa cobertura dos bastidores da Copa. Eles inclusive mencionam a nova série FIFA Uncovered (Netflix), que está na minha lista para ver.
Do lado positivo, é a primeira Copa com árbitras mulheres (são seis, incluindo uma brasileira) e é a primeira vez que uma mulher (Renata Silveira) narra a Copa na TV aberta do Brasil. Descobri essas coisas na estreia da Natuza Nery como apresentadora de O Assunto, em que ela entrevistou a Renata Silveira.
PALMA
Design 🪑
Abre amanhã, no Olhão, a primeira exposição de mobiliário da Palma. Fabricadas artesanalmente no atelier, as peças são o resultado de experimentações entre formas, texturas, materialidades e diferentes técnicas artesanais, como laca chinesa, casca de ovo e pintura marmorizada.
Para quem não conhece a Palma, é um estúdio de design formado pela dupla Lorenzo Lo Schiavo e Cléo Döbberthin. O trabalho deles é incrível.

Quero maiZ: A mostra faz parte do primeiro circuito Design na Barra Funda, um percurso a pé por ateliês, estúdios, antiquários e espaços de design no bairro. Se estiver por lá, não deixe de olhar o nosso mini-guia da Barra Funda, que tem dicas de lugares para almoçar, tomar drinks e explorar.

CARACOLLA
Restaurante 🥕
Já a Vila Nova acaba de ganhar mais um restaurante. Dessa vez, é o Caracolla, nova empreitada da chef Patricia Helú, que já mencionamos aqui. A proposta é servir comida saudável, saborosa e vegetariana, a qualquer hora do dia.
Nas palavras da Pati, o Caracolla é um convite para “conhecer um delicioso caminho do meio, que entende a alimentação como uma forma de ver o mundo e, portanto, abundante demais para ser reducionista”. Estou louca para ir e provar o especial quibe na coalhada, feito com abóbora e quinoa, e os cuscus marroquino.

AGENDA DA NAZA 🚀
Este fim de semana em São Paulo tem shows de Hermeto Pascoal, Luedji Luna, Mombojó e Caetano Veloso; a última noite do musical Dominguinhos; um curso literário super interessante; e muito mais! Se quiser achar coisas incríveis para fazer — e ainda apoiar o nosso trabalho — clique aqui.
Amo forte a NewZ como um todo. Mas o teu textinho introdutório, Paula, me faz parar tudo só para ler com presença. Que delícia te ler!
O Kibe da Pati é maravilhoso! Ela arrasa! 😋😋