Tenho adorado fazer as lições de casa das oficinas de escrita das quais tenho participado. Em um primeiro momento me dá preguiça — mais um item para a lista dos afazeres — mas quando faço, me divirto. É terapêutico e me surpreendo com os parágrafos que surgem.
Uma vez, tivemos que escrever três frases diferentes usando duas informações: “meu avô morreu” e “eu não gostava dele”. Achei que seria impossível fazer este exercício porque adoro o meu avô, e ele, graças a Deus, está vivo. No fim, não só fiz como adorei a brincadeira; apareceram frases hilárias.
Da última aula com o Antonio Prata, nasceu esta crônica:
Será que vou apitar no raio-x? Tenho um amigo que colocou os mesmos parafusos de titânio e avisou: se prepara, porque você vai ser parada toda vez que passar pela segurança do aeroporto. Já o meu colega arquiteto disse que o titânio tem uma densidade tão baixa que é indetectável. De fato, fui pesquisar e este metal é mesmo leve; não posso nem usar essa desculpa para justificar os quilos a mais. Os três juntos somam 30 gramas.
Além da leveza, descobri que o titânio é resistente à corrosão pela água do mar e pelo cloro. Ou seja, a corrida foi eliminada, mas os mergulhos passaram ilesos. Se os vigilantes de maratona souberem, vão com certeza adicionar isto à lista de razões pelas quais eu deveria trocar a corrida pela natação junto com: “é o esporte mais completo”, “não tem impacto“, “não dá incontinência urinária” e “a pele não cai”. Ainda assim não me convence; é como falar para um jogador de futebol trocar as chuteiras pelos tacos de golfe.
Na tabela periódica, ele é conhecido como Ti, e tem o número atômico 22. Preferiria que fosse outro dígito, mas achei simpático o apelido. Descoberto em 1791 na Cornualha, Ti hoje é usado para produzir ligas e catalisadores, algo respeitável. Não deve ser fácil unir um molibdênio e um vanádio.
Abundante na litosfera, o Ti que junta e impulsiona os elementos de hoje em dia vem principalmente da Austrália, África do Sul, Canadá, Índia, Moçambique, China, Vietnã e Ucrânia. De onde será que vem o meu Ti? Acho ele gente boa como os aussies, mas às vezes dói como os ucranianos. Acho que vou ter que passar pelo raio-x para descobrir.
Ainda não recebi o feedback, mas está cada vez mais claro que para aprender a escrever, preciso escrever. Simples assim.
Com amor,
Paula
Pobres Criaturas 📽
Eu já tinha feito as minhas escolhas para o Oscar, até ver Pobres Criaturas. Que filme. A nova obra do diretor grego Yorgos Lanthimos, criador de O Lagosta e A Favorita, é das melhores que eu já vi. Vou pegar emprestado algumas palavras da Beta Germano, que fez uma boa análise:
Confesso que é difícil saber por onde começar. Eu poderia falar sobre a preparação corporal da Emma Stone (brilhante) que revela, aos poucos, a transformação de Bella; sobre a conexão com o movimento surrealista como uma necessária e atual fuga da realidade (Escher mandou lembranças); sobre o figurino vitoriano que muda ao longo da trama, representando cada fase da protagonista; sobre os significados do tratamento de cor da fotografia; sobre toda a atmosfera da produção adaptada do romance de Alasdair Gray que me faz pensar sobre os editoriais de Tim Walker.
De fato, é impossível ver o filme e não se apaixonar pela Emma Stone, pela fotografia e pelos trajes. Os cenários ganharam menos atenção do que as roupas, mas eles são igualmente espetaculares (pirei com a casa do Godwin, com o barco, com as cidades…) Esta matéria da Architectural Digest revelou como os designers James Price e Shona Heath criaram um dos sets mais imaginativos do cinema.
Contudo, o aspecto do filme que mais me pegou, é o que a Beta colocou como:
“Pobres criaturas” fala sobre uma página em branco, sobre o prazer de provar o mundo de novo…pela primeira vez. Isso é muito precioso. Dizem que chefes gostam de espumante porque a bebida limpa o paladar. Ou seja: cada garfada é como se fosse a primeira, é o “dia da marmota” daquela sensação surpreendentemente saborosa, o gozo num eterno retorno. E é este o privilégio que Bella Baxter ganha quando o seu “pai-criador”, Godwin Baxter (Willem Dafoe) ou God (rá), lhe devolve a vida. Corpo inteiro de mulher, banhado em espumante,”com o paladar limpo” de uma criança. Sem memória, sem as amarras da sociedade. Quase sinto inveja de Bella porque tudo é mais delicioso nas primeiras experiências: um relacionamento, um trabalho, um prato, até uma obra de arte.
Assistir a Bella descobrir o mundo — tornando-se mulher, sem perder o seu espírito impetuoso — me inspirou.
Quero maiZ: na última aula do curso de escrita com o Antonio Prata, ele mostrou este vídeo, que conversa super bem com o filme. Last F**kable Day dura 5 minutos, e conta com algumas das maiores comediantes americanas como Amy Schumer, Tina Fey, Julia Louis-Dreyfus, e Patricia Arquette. Esta matéria da Vanity Fair revelou detalhes do processo criativo do sketch.
King Kong Fran 🦍
Pobres Criaturas não é um filme sutil, longe disso, mas também não diria que as suas reais intenções ficam evidentes logo de cara; é uma obra que te surpreende do início ao fim. Neste sentido, o espetáculo King Kong Fran é parecido.
Em um misto de cabaré com circo, a personagem Fran promove uma irreverente e debochada reflexão sobre machismo, assédio, abuso, consentimento e violência de gênero. Quem comanda o show é a genial atriz e palhaça Rafaela Azevedo, que também assina a direção e a dramaturgia ao lado de Pedro Brício. A direção musical é da cantora e compositora Letrux.
Fran está fazendo tanto sucesso, que já virou até fantasia de carnaval, e rendeu esta reacão do Gregório Duvivier. A boa notícia é que a temporada no teatro do Shopping Morumbi acabou de ser estendida, e vai até maio. Recomendo, principalmente para os homens : )
NAZA Talks 🎙
É com muito alegria que anunciamos o primeiro NAZA Talks. O nosso primeiro encontro será no dia 20 de fevereiro, a partir das 18:00, em um lugar muito especial da cidade. Revelaremos mais em breve.
Para a nossa estreia, convidamos a terapeuta Alexandra Sanchez, para uma conversa acolhedora e provocativa sobre como manifestar o ano que queremos. Ela vai nos ajudar a entender porquê ano após ano pulamos as mesmas 7 ondinhas, e mesmo assim temos dificuldades em realizar os nossos planos. Vamos nessa? Você pode garantir o seu lugar mandando um email aqui; as vagas são limitadas.
Caracol 🐚
Estava louca para conhecer a versão 3.0 do Caracol. Depois do fechamento da primeira casa na Santa Cecília, e da versão temporária no Conjunto Nacional, o bar voltou com tudo, desta vez na Barra Funda.
Fui em uma sexta-feira, em que os DJs eram Fais Le Beau e Sixsixsixties, figuras conhecidas da vida noturna belga. A música estava ótima, e a pista fervendo desde cedo.
Antes de subir para a pista, comemos no andar de baixo, e provamos quase todos os drinks do cardápio. Achei a comida boa — considerando que o carro chefe do Caracol é a música — e gostei dos drinks autorais, mas bom mesmo estava o Fitzgerald.
O line-up de fevereiro está muito bom, com DJs do mundo inteiro comandando o som. O sócio e ótimo DJ Milos Kaiser assume as pickups na terça-feira de carnaval.
Agenda da NAZA 🚀
O Carnaval é a minha festa favorito do ano e para comemorar este momento único, criamos uma sessão inteira dedicada a ele na última edição da Agenda da NAZA. Para conferir, entre no link abaixo. Bom carnaval a todos!
Paula, bom dia. Não consegui clicar no link para se inscrever no naza talks. Me manda, por favor?
Compre uma cachorrinha fofa e dê o nome de Tita e faz um teste de ancestralidade dos seus parafusos. E ótimo Carnaval! 😊