Estava correndo no parque, quando comecei a ouvir de longe no máximo volume: viver, e não ter a vergonha de ser feliz…Cantar, e cantar, e cantar, a beleza de ser um eterno aprendiz. Eram sete horas da manhã de uma segunda-feira e fazia 9 graus. A trilha sonora não condizia em nada com a cena. Fiquei curiosa para saber quem estaria ouvindo aquela música naquele contexto, e decidi ir correndo em direção ao som.
Para a minha surpresa, a melodia vinha de um grupo de idosos. Eles tinham em média 80 anos, e faziam uma espécie de coreografia em uma área do parque que adoro, embaixo de árvores especialmente bonitas. Chuto que eram umas 40 pessoas. Quase todas sorriam e davam risada. Me peguei pensando: por que não dançar e cantar em voz alta com os amigos, em plena segunda-feira de manhã, em meio à natureza? De fato, os mais velhos sabem de tudo…temos muito a aprender com eles.
Com amor,
Paula
P.S. Bem quando eu estava escrevendo este texto, recebi o vídeo abaixo de uma querida amiga. Trata-se do relato de uma senhora de 96 anos, em que ela diz coisas muito preciosas. A fala dela começa com frases como “eu não quero apenas ter passado pelo mundo, então estou fazendo o máximo que posso, com o que tenho" e “estou vivendo a minha segunda infância, a minha infância feliz. A minha infância foi miserável…agora me divirto e finalmente posso curtir. Estou aprendendo o que é brincar.” A mensagem final casou bem com um dos meus maiores aprendizados do ano: vá devagar. Não costumo abrir links com vídeos, mas algo me disse que eu deveria ver esse, e não me arrependi.
YoSoyMatt 🎶
Falando em dançar com amigos, estive no México recentemente e dancei muito em um set ao vivo do YoSoyMatt. Além do som deles ser incrível, a história por trás da dupla é emocionante.
O Roberto Matthews (Matt) é um gênio musical, mas por conta de uma doença degenerativa rara, ele está paralisado e não consegue mais usar as mãos. Assim, seu irmão Memo passou a acompanhá-lo em shows e festivais, atuando como os braços de Matt. Hoje, o duo embala multidões ao redor do mundo.
Gostei muito dessa frase do Matt, dita em uma entrevista:
“Sou grato pelo que tenho, porque me moldou para ser quem sou. Se eu nascesse de novo, não mudaria nada na minha vida. É preciso carregar o caos dentro de si para poder colocar uma estrela no universo”.
O som do YoSoyMatt combina ritmos tropicais com tracks de música eletrônica do mundo todo. O single La Niña del Volcán tem 46 milhões de plays no Spotify, e é impossível não dançar ao ritmo de Santa Maria! O álbum novo, Yo No Soy Marinero, acaba de ser lançado. Estou ouvindo sem parar. Minhas trilhas favoritas são Bella, Quirón e Hombre Duna, mas a verdade é que são todas ótimas. Suerte, amigos!
Martins&Montero 🖼️
Em abril deste ano, duas potências do mercado de arte contemporânea uniram forças e criaram a galeria Martins&Montero. Maria Montero, da galeria Sé, e Jaqueline Martins, da galeria homônima, somaram seus projetos individuais e abriram um espaço em uma casa de 1958 no Jardim América. Ao todo, são 31 artistas representados, entre nomes jovens e outros já consagrados, como Hudinilson Jr., Maria Thereza Alves e Dalton Paula.

Atualmente, a galeria apresenta três mostras individuais: “Almost Reflections of a Woman”, de Gretta Sarfaty, em parceria com a Central Galeria e curadoria de Lui Tanaka; “Clarão”, de Ana Raylander Mártis dos Anjos; e “Jornal do Mundo”, de R. Trompaz. Os trabalhos de Gretta, divididos entre uma sala no primeiro andar e a biblioteca no térreo, foram os que mais gostei. As exposições ficam em cartaz até o dia 20 de setembro.
Visitei a Martins&Montero a convite do MASP, em uma noite organizada em torno de Lia D Castro. A artista, representada pela galeria, está com uma mostra individual no museu até o dia 17 de novembro. Ainda não vi Todo e nenhum lugar, mas quero ir correndo depois de ouvir a Lia falar. Essa é uma síntese da exposição:
Lia investiga como as relações de raça, classe, gênero e sexualidade se dão em situações de intimidade e vulnerabilidade. A artista utiliza a prostituição como ferramenta de pesquisa e desenvolve sua produção a partir de encontros com seus clientes – homens cisgêneros, em sua maioria brancos, heterossexuais, de classe média e alta – para subverter relações de poder ou violência que possam surgir entre eles, aliando história de vida e história social. Temas como masculinidade e branquitude, mas também afeto, cuidado e responsabilidade, são abordados nesses encontros, que resultam em pinturas, gravuras, desenhos, fotografias e instalações criadas pela artista de modo colaborativo.
Agenda da NAZA 🚀
A vida cultural em São Paulo está cada vez mais rica e diversa. No nosso guia selecionamos dezenas de programas acontecendo este mês na cidade. Clique no link abaixo para conferir; é uma forma de se manter atualizado, e de apoiar o nosso trabalho.
Nuvens ☁️
Poucas coisas me fazem mais feliz do que um céu azul. Daqueles bem azuis, sem nenhuma nuvem. Neste sentido, este inverno em São Paulo tem sido um prato cheio, entregando os mais lindos tons de cerúleo dia após dia.
CEPA 🍴
Já enfrentei muitas horas de trânsito para almoçar no CEPA, que até mês passado ficava em uma casa na Zona Leste. Há dez dias, o restaurante deixou o Tatuapé, passando a ocupar um espaço amplo e moderno em uma rua de paralelepípedos em Pinheiros.
A meu ver, o CEPA sempre foi um dos melhores restaurantes da cidade. Portanto, não pude deixar de conhecer a nova casa na semana de abertura. A cozinha, comandada pelo chef Lucas Dante, continua excelente. Pratos clássicos como o pastel de queijo Comté, cebola e vinagre de Jerez; e o atum, servido com creme de wasabi e azeite extra virgem, seguem no menu. O repolho na brasa, a salada de beringela e o steak com fritas também foram aprovadíssimos. A carta de vinhos, elaborada pela sommelière e sócia do restaurante Gabrielli Fleming, continua cheia de boas surpresas.
Como a casa trabalha quase que exclusivamente com pequenos produtores, os pratos são bastante caros. Tirando isso — e alguns ajustes que fazem parte do início de uma nova operação — foi um ótimo jantar. Vida longa ao CEPA!
👏👏👏👏👏você escreve muito bem,é um prazer ler
Bjo
Quem tem medo da longevidade depois daquele vídeo? Arrasou, como sempre, Paula. Obrigada, obrigada, obrigada.