Poucas coisas me fazem mais feliz do que um céu azul. Daqueles bem azuis, sem nenhuma nuvem. Neste sentido, este inverno em São Paulo tem sido um prato cheio, entregando os mais lindos tons de cerúleo dia após dia.
Por conta dessa minha obsessão por céus azuis, a vida toda enxerguei nuvens como obstáculos que manchavam minhas telas. Tirando as de beleza inegável, como as do pôr do sol na Bahia ou no Atacama, a minha escolha seria sempre por um céu sem nuvens.
Eis que ultimamente, nuvens começaram a atravessar o meu céu. Primeiro na aula de ioga, quando a professora fez uma meditação em que elas eram as protagonistas. O exercício nos convidava a pensar em nós mesmos como o céu, e a enxergar as nossas emoções como nuvens que vem e vão.
Depois, li a newsletter da Maria Popova1, em que ela resenhou o livro “Cloudspotting for Beginners”. Ela começa escrevendo assim:
Nuvens vagam efêmeras através do domo do mundo, carregando a eternidade — condensando moléculas que despertaram o primeiro sopro da vida, fluindo com cargas elétricas que alimentarão o último pensamento.2
Popova continua dizendo: para mim, a nuvem será sempre um feitiço contra a indiferença — um pequeno fruto de maravilhamento, para nos lembrar que tudo muda, mas tudo permanece.3
O texto evolui trazendo uma serie de referências incríveis, que vão desde a origem dos nomes das nuvens no século 19 em uma história que envolve Goethe e o meteorologista Luke Howard, até um link para a Cloud Appreciation Society (sim, uma sociedade para pessoas que amam o céu). Descobri que o Cumulus médio pesa o mesmo que oitenta elefantes, e li está linda analogia:
“Uma nuvem permanece no alto não porque é uma coisa grande, mas um grupo de coisas muito, muito pequenas”, diz Gavin Pretor-Pinney (fundador da Cloud Appreciation Society), o que me parece uma metáfora adequada para como a diversidade e a multiplicidade garantem a flutuabilidade de qualquer sociedade.4
Vou parar por aqui, mas está claro que uma nova janela foi aberta na minha mente, em que as nuvens são mais do que bem-vindas. Algumas mais carregadas, outras mais leves, umas pequeninas, outras gigantescas; cada uma com o seu propósito, fluindo pelo meu céu…
Com amor,
Paula
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