Nos dias em que não consigo ir ao meu estúdio de yoga, faço aula online. Não é a mesma coisa — sou constantemente interrompida pelo latido da Bruschetta, e ver a minha geladeira no fundo da tela me incomoda — mas é melhor que nada.
Esta semana tive vontade de fazer diferente. Cinco minutos antes da aula começar, coloquei meu tapetinho embaixo do braço, e saí em direção à praça perto de casa. Encontrei um canto quieto, embaixo de árvores mais velhas do que eu, e fiz a minha prática ali. O relaxamento final, o shavasana, aconteceu ao som dos passarinhos, enquanto eu olhava para os raios de luz que as folhinhas deixavam passar.
Ao final da aula, a professora cumprimentou o meu cenário, como se eu estivesse em um local distante e exótico. Mal ela sabe que eu estava no coração da paulicéia.
A dura verdade é que não precisamos viajar para longe para encontrar a paz; basta fazer diferente.
Com amor,
Paula
Parthenope 🍿
Foi muito divertido assistir Parthenope: Os amores de Nápoles, novo longa do napolitano Paolo Sorrentino (A Grande Beleza, A Mão de Deus, A Juventude, entre outros). No filme, acompanhamos a vida de Parthenope — assim batizada em homenagem a uma sereia da mitologia grega que teria fundado a cidade de Nápoles — desde seu nascimento em 1950, até sua aposentadoria nos dias de hoje.
As críticas têm sido ruins. Peter Bradshaw, do The Guardian, acabou com o filme, dizendo que parece um “comercial de perfume caro”. Este jornalista detonou Sorrentino logo na chamada: “'Parthenope' é filme cafona de diretor que queria ser Fellini”. Em resposta a essa última análise, um leitor disse: “deve ser muito chato ser crítico de cinema, com todas essas referências. Assisti ao filme e achei muito bonito. Desde a personagem principal até as imagens de Nápoles." Por mais que também tenho críticas, concordo com ele.
A personagem principal — belíssima, esperta e sexy — provoca reflexões importantes acerca do papel da mulher na sociedade. Cada frase que Parthenope solta é um tiro certeiro. Adorei ver ela amadurecer e se tornar uma mulher inteira. Além disso, gosto da fotografia, como também foi o caso nos demais filmes de Sorrentino. O diretor consegue criar um clima mágico, e nos teletransportar para a sua Itália. Não achei cafona, pelo contrário; é uma carta de amor a Nápoles, com todas suas facetas.
Adolescência 📺
Tudo já foi dito e escrito a respeito de Adolescência, nova série da Netflix, que gira em torno de um estudante de 13 anos, acusado de assassinar uma colega de classe. Gostei não só como uma ferramenta educativa, mas também pela forma; os atores são excelentes, e o plano-sequência funcionou bem para retratar a tensão necessária. Me fez pensar que seria ótimo ter mais temporadas da série, tratando de outros assuntos que afetam os adolescentes, como os distúrbios alimentares. É uma forma eficaz de iniciar conversas importantes.
Quero maiZ: este episódio do podcast Café da Manhã me ajudou a entender melhor o contexto da série. E este, também com a juíza titular da Vara de Infância e Juventude do Rio de Janeiro Vanessa Cavalieri, recomendo para qualquer pai de adolescente.
Giro de Podcasts 🎙
Falando em podcasts, esta semana devorei esses aqui:
Platitudes: a cada episódio, Gabriela Prioli e Leandro Karnal discutem um tema diferente como amor, sexo, vergonha, religião, culpa, fofoca, entre outros. A dupla é rápida e inteligente, e a química entre eles é ótima, o que tem gerado boas conversas.
Jana Viscardi conversa com Noemi Jaffe: é sempre um prazer imenso ouvir a
falar. Nesta conversa com a linguista Jana Viscardi para o podcast Escrever sem Medo, a autora e professora fala sobre a sua relação com as palavras, descreve seu processo de escrita, e muito mais. E, por falar em Noemi, a escritora será uma das mediadoras desta viagem pela Itália, baseada nos livros de Elena Ferrante. Sonho!Zen Vergonha: a terceira temporada do podcast da Fernanda Lima já está a todo vapor. Depois de falar sobre menopausa e masculinidade, a apresentadora dedicou os últimos episódios à saúde mental. As conversas contam com participações especiais de pessoas como Lilia Schwarcz, Tamara Klink, Xuxa, Marisa Orth, Victor Stirnimann e Du Moscovis.
Isay Weinfeld na Trip FM: adorei ouvir o querido Paulo Lima entrevistar o arquiteto Isay Weinfeld. Minha parte favorita foi ouvir o Isay descrever a perfeição do beirute do Frevo; o seu objetivo é fazer obras tão perfeitas quanto os sanduíches da lanchonete!
Izakaya Otoshi 🥢
Finalmente conheci o Izakaya Otoshi, restaurante dedicado a petiscos japoneses na badalada rua Padre Carvalho. Chegamos às 19:30 e já estava lotado, mas isso não foi um problema; como tudo na casa, gerida de maneira eficiente, a espera andou rápido.
Foi difícil escolher entre tantas delícias; o cardápio é bem versátil, e agrada a todos os paladares. Começamos com uma porção de raiz de bardana e edamame grelhado com alho, shoyu, manteiga e pimenta. Depois, comemos ovos mexidos com nirá e dashi, e o quiabo grelhado com miso. Em seguida, devoramos o sashimi de atum, e o mix de cogumelos cremosos com farofa de panko. Esse último foi meu prato favorito. Delícia!
Estão também no cardápio vários tipos de carnes, como tonkatsu (milanesa), pancetta grelhada, gyoza de porco, asinha frita, frango teriyaki, língua de boi, entre outros. Não é um lugar sofisticado, mas tudo é muito saboroso, e o serviço é bom. Vale conhecer.
Agenda da NAZA 🚀
É possível que abril seja o mês mais agitado do ano em São Paulo quando se trata de arte. Minha lista de exposições não para de crescer! Na Agenda da NAZA, o nosso guia cultural da cidade, você encontra todas elas, além de shows, peças de teatro, dicas de literatura e gastronomia, e muito mais. Apoie a NAZA e acesse o guia completo clicando no link abaixo. Muito obrigada!
Segundo Lugar🥈
Cresci ouvindo dizer que tirar segundo lugar era algo ruim. De certa forma, até pior do que ficar em terceiro, porque este vem com o contentamento de ter ao menos chegado ao pódio. A medalha de prata é o filho do meio, espremida entre as glórias do ouro, e o charme do bronze.
Gostei de Parthenope, embora também tenha críticas, mas È estata la mano di Dio ainda é o meu preferido do Sorrentino, com quem divido uma paixão avassaladora por Napoli. Também fiquei com vontade de voltar à cidade pelos caminhos ferrantescos ❤️
Eu amei Parthenope! Que viagem deliciosa pelas imagens e musicas! Sou suspeito por amar Napoli, mas vale tentar ver!
Adolescência, deveria ser obrigatório ver!
Sempre as melhores dicas Paulinha!