Piqueniques e Violões 🧺

Agenda da NAZA — Volume 16 (setembro 2023)

Quando eu tinha 16, 17 anos, me apaixonei por um cara bem mais velho. Enquanto eu passava os domingos estudando para provas, alugando filmes na Blockbuster, e fazendo brigadeiro com as minhas amigas, ele ia correr no parque para curar a ressaca da balada na véspera, antes das demandas da semana corporativa começarem. 

Na época, eu nem sabia o que era correr e, muito mais grave do que isso, eu nunca tinha ido ao Parque Ibirapuera. Pois é. 

Hoje em dia, tenho noção do quão chocante é isso para uma pessoa que nasceu em São Paulo, mas na época eu não sabia. Na minha família, a interação com a cidade acontecia na esfera cultural. Íamos sempre ao cinema, ao teatro e ao circo, mas não tínhamos costume de ir a praças e parques.

Assim que eu fui estudar fora, os parques passaram a ocupar um papel central na minha vida. Como todos nós estudantes morávamos em espaços pequenos, os parques serviam como uma extensão de casa. Eram neles que aconteciam os encontros entre amigos, em torno de piqueniques e violões.

Hoje, de volta a São Paulo, as áreas verdes da cidade são intrínsecas a minha vida. Além do uso funcional, elas são a forma como eu me conecto a natureza em meio a tanto concreto. Claro que não é igual à experiência de estar dentro de uma floresta primária, mas uma árvore é uma árvore.

Entendo que para uns, frequentar esses espaços públicos ainda não é um ato rotineiro. Eles podem ser pouco seguros e os acessos nem sempre são óbvios¹, o que pode espantar a nós, os bichos da cidade. Mas eu acredito que quanto mais a gente ocupe esses lugares, mais eles vão florescer; os parques precisam da gente, e a gente precisa dos parques.

A cada mês, quando faço a curadoria da Agenda da NAZA, sempre tento incluir programas que ocupam diferentes cantos da cidade, sendo muitos deles em espaços públicos. Com a inauguração da Bienal, e todos os eventos que acontecem paralelamente em São Paulo durante esse período, o guia deste mês está especial. Ele está disponível aqui, embaixo da foto.

Muito obrigada por nos apoiarem, e bom setembro para todos!

Com amor, 

Paula

Se eu bem conheço a minha mãe, ela vai me ligar assim que ler esta newsletter e dizer que é mentira que nunca íamos a parques e praças. Talvez ela tenha um pouco de razão, mas é fato que eu nunca tinha ido ao Ibirapuera até ter 17 anos (Ps. No dia desta foto, em que estou vestida como um embrulho, um desses patos mordeu feio o meu dedo quando fui dar o pão para ele. De fato temos que tomar cuidado com os predadores dos parques…) (Foto: NAZA)