No início da semana, ouvi uma previsão astrológica que dizia: não se deixe vencer pelo que o sistema decide por você, retome as suas vontades. A astróloga continuou o raciocínio dizendo que está tudo muito intenso, e que a forma de resistir a esse ritmo frenético é fazer o que nos dá prazer, principalmente o que não tem um objetivo específico.
Nesse inventário de auto-regulação1, notei que a Carol Ruhman faz isso quando ela abusa das canetinhas coloridas no planner, e coloca óleo de lavanda nos travesseiros da família “just because”2. Tomei um chá com um amigo essa semana, que contou que andou durante 12 horas de Fontainebleau até Paris, por nenhuma razão específica. Ele caminhou na beira da estrada, observando todos os lugares que foram feitos para não receberem pessoas, mas que foram ocupados por elas.
A Martha Medeiros3 também resiste, quando ela pede:
“Menos responsabilidades, mais oceano, árvores, céu. Menos opiniões, mais olhares cálidos, risadas soltas, alegria descompromissada, aquela sem motivo. Quero me sentir livre da obrigação de existir para os outros, de me vestir para os sites, de parecer mais inteligente do que sou. Quero a expansão do nada, nenhuma sabedoria para vender.”
Tenho me percebido especialmente acelerada, atarefada e viciada no celular, e não estou gostando nem um pouco disso. Estou pensando em copiar a Carol e criar o meu inventário de auto-regulação; em escrever na pedra as minhas formas de resistir ao compasso que o sistema impõem, e protegê-las a qualquer custo. Já sei que estarão na minha lista: mergulhos em cachoeiras, beijos na Bruschetta, danças no meio do dia, pausas dos eletrônicos, idas ao cinema, encontros com amigos, livros, jogos (de palavras, cartas e tabuleiros)… e estou aceitando mais dicas. Você já pensou no que faz para resistir?
Com amor,
Paula
NAZA Talks 🗣
O maior elogio que recebi depois do último NAZA Talks foi que ele é uma “resistência à Inteligência Artificial”. Em uma era em que a IA é capaz de produzir qualquer coisa, fiquei feliz com o comentário.
Não criei o NAZA Talks com esse intuito. Ele nasceu de uma vontade de estarmos juntos, ao vivo, olho no olho, presentes em torno de pessoas e assuntos que nos interessam. Agora, se considerarmos que o sistema atual valoriza o digital e supérfluo, concordo que esses encontros são sim uma forma de resistência.
A terceira edição do NAZA Talks uniu um time da pesada: Pivô, Pinga, Parador, Kiro e Gisela Projects. Se você quiser sugerir um lugar, convidado ou marca para participar do próximo encontro, responda a este email, ou deixe o seu comentário aqui. Estamos planejando os próximos encontros, e queremos ouvir vocês.
Wiser Than Me 🎙
Gosto de ver como a Julia Louis-Dreyfus resiste as convenções. Falo isso pensando neste vídeo, em que ela tira sarro do universo machista e etarista de Hollywood, e do podcast Wiser Than Me, em que ela entrevista mulheres com mais de 70 anos.
A segunda temporada do Wiser Than Me estreou no mês passado, e já tem quatro episódios lançados. O último foi com a autora e chef Ina Garten. Adoro essa troca entre gerações; temos muito que aprender com os mais velhos.
Tá Todo Mundo Tentando 📺
Esta semana participei de um curso sobre newsletters que a
produziu para a Escrevedeira. Foi demais! As aulas terminaram, mas todo mundo que tem vontade de começar ou melhorar uma newsletter deveria falar com ela; pensa em alguém que é craque no assunto. E, quem não tem newsletter mas gosta de boas dicas, deveria assinar a página dela; a Tá Todo Mundo Tentando é uma das newsletters mais ricas em dicas culturais que eu conheço. Por exemplo, foi depois de ler uma resenha da Gaía que insisti na série Ripley, que ela indicou na mesma edição em que falou da NAZA e do NAZA Talks.Ripley 📺
Para a Gaía, a série Ripley (Netflix) é a melhor adaptação já produzida do livro O Talentoso Ripley, suspense psicológico de 1955 da autora americana Patricia Highsmith. Ela prefere a série até mesmo ao famoso filme dos anos 1990, estrelado por Matt Damon, Jude Law, Gwyneth Paltrow e Cate Blanchett. Em sua resenha, Gaía diz: esse o Ripley mais fiel ao das páginas, apesar das liberdades com a história, porque nem Alain Delon e nem Matt Damon entregaram o que o Andrew Scott entrega.
Estou ainda na metade, mas já posso dizer que concordo com ela; o Andrew Scott está mesmo impecável no papel principal. O fato de a série ser em P&B também ajuda a focarmos na construção do personagem, sem nos distrairmos tanto com a bela Itália que compõe o cenário. Recomendo.
Collabs 🤝
Volta e meia surgem collabs que fazem meu olho brilhar. Não sou muito ligada em moda, mas tenho uma queda forte por bons casos de branding. Fiquei doida com essas duas parcerias que foram lançadas agora.
A primeira uniu a Nike e a Bode, resultando em uma coleção criada a partir de um resgate da herança cultural do esporte nos Estados Unidos. Vale ler o manifesto aqui, para entender a extensa pesquisa de campo realizada pela Emily Adams Bode Aujla, primeira mulher a expor o seu trabalho na NYFW. Ao todo, foram produzidas 8 peças, lançadas ontem nas plataformas da Bode.
Da segunda collab, reunindo a Rimowa e a La Marzocca, surgiu esta maquina de café e essa pop-up em Milão. Chique.
Giro Gastronômico 🍽
Ir a restaurantes, principalmente os pequenos e locais, não deixa de ser uma forma de resistir aos deliverys e cadeias. Aqui vão quatro novas empreitadas que testei e curti:
Le Bulô: desde que soube que o Ricardo Lapeyre abriria um restaurante em São Paulo, fiquei contando os dias para conhecer. Eu era muito fã do Escama no Rio de Janeiro, criação dele. O Le Bulô fica no Itaim, em uma casa com boa iluminação natural, e um bar simpático. O ambiente é ótimo, mas o carro chefe é sem dúvidas a comida, com destaque para os frutos do mar. O serviço estava ótimo, o que me impressionou considerando que a abertura não tem um mês. Parabéns.
Green Kitchen: o Green Kitchen não poderia ser mais diferente do Le Bulô; ele é um restaurante plant-based, em que nada de origem animal entra no menu. Levei algumas amigas, que torceram o olho na hora que perceberam que era vegano, mas que foram embora querendo mais. Pedimos a Tostada Lox, a Salada de Kale, o Bowl, e o Bucatini a Carbonara. Para finalizar, pedimos o Bolo de Chocolate, que leva caramelo salgado e frutas vermelhas. Estava tudo delicioso, feito com amor e ingredientes frescos. É uma boa opção para um almoço saudável em Pinheiros.
Shihoma Deli: nos últimos meses, frequentei muito a Rua Harmonia, por conta do Instituto Chão. Cada vez que passava por lá, observava a obra do outro lado da rua, aguardando ansiosamente a abertura da deli do restaurante de massas frescas Shihoma. No dia que o Shihoma Deli abriu, há duas semanas, fui conferir em primeira mão o espaço, que funciona como uma mercearia e rotisseria. Adorei a seleção dos produtos - entre eles queijos, massas e charcutarias - e quero voltar para almoçar. Eles funcionam diariamente das 9 às 17, e por encomendas através do site.
Lida: por fim, está a minha nova padaria favorita de São Paulo. Durmo e acordo sonhando com o Pão de Sementes, a Torta de Tomates, e com os sorvetes de Tahine e de Leite de Cabra. As embalagens são de morrer de lindas, e a pequena mercearia tem uma ótima seleção de queijos e vinhos. Vou voltar sempre.
Quero maiZ: conhecer a Lida me inspirou a fazer este post, com 11 padarias artesanais em São Paulo. Entra aqui para ver a lista completa.
Agenda da NAZA 🚀
São tantas novidades acontecendo em São Paulo, que fica difícil acompanhar. Pensando nisso, criamos a Agenda da NAZA, em que selecionamos os programas mais legais acontecendo na cidade a cada mês. Clique no post abaixo para acessar.
Edição #259 “Pequenas estratégias para deixar o dia melhor” na newsletter da
.Sem um fim específico; apenas porque sim.
Artigo “Um minuto de amor eterno” da Martha Medeiros para a revista Ela.
Bonita demais a reflexão do inicio envolvendo Martha Medeiros e estou ansiosa para assistir à série Ripley (vi o filme recentemente e me agradou bastante)!
Eu amo o Wiser Than Me. Chorei no episódio com Isabel Allende.