Tem algumas palavras que acho impossível de traduzir do inglês para o português (e vice-versa, claro). Softness é uma delas.
No dicionário inglês, está descrita como "não ser duro ou firme" ou "não ser agressivo, barulhento ou facilmente percebido". Tudo isso é verdade, e o mesmo dicionário traduz o termo para o português como "suavidade" e "maciez", que também não está errado.
Mas softness, para mim, é muito mais do que isso. Quando penso na palavra, imagino o sorriso largo de uma mulher que não compete e sim, vibra com a conquista de outra. Me vem em mente uma mãe que transborda compaixão, porque ela entendeu que tá todo mundo fazendo o seu melhor. Penso também no timbre daquela pessoa que fala bonito, mas fala baixo, ou naquela que marca a sua presença sem precisar interromper o outro. Gosto tanto da palavra que quando a ouço em voz alta, toda a minha tensão relaxa (descobri que existe um termo, também intraduzível, para o estudo da beleza e agradabilidade dos sons de certas palavras).
Em outras palavras, softness para mim é tudo menos "não ser duro ou firme". Ao contrário, existe muita firmeza em ser soft; é a força da gentileza, da tolerância e do acolhimento.
Com amor,
Paula

CEREAL AISLE 🥣
Entrei na pira da palavra softness depois de ler a newsletter
. Assino a página há um tempo, mas como não ligo muito para moda, não tenho muita paciência para ler. Admito que toda semana penso em me descadastrar, mas semana passada resolvi dar uma nova chance, e gostei bastante do que li.Sob o título Building, deconstructing, and rebuilding with clothes, a newsletter fala sobre os últimos desfiles de moda que acabaram de acontecer na Europa. Achei interessante e inteligente a forma como a Leandra contextualiza o show de cada marca, mas foi o trecho intitulado Finding Oneself in Clothes que me pegou.
Nessa parte, a autora reflete sobre como sua forma de vestir mudou ao longo dos anos, e como isso espelha a fase de vida que ela está vivendo. Ela nota que tem optado por silhuetas mais leves e etéreas, ao invés das estruturas mais masculinas como blazers e gravatas que costumava usar, e relaciona isso ao momento mais feminino e suave que está vivendo desde que virou mãe. Achei lindo esse trecho onde ela reconhece a força por trás do seu período atual:
“I’m surprised to find how much I appreciate the softness that I am getting to know, that I’d have never chosen for myself as a desired trait of my self-definition. Before becoming a mother, I internalized it as a sort of weakness.
What I see most acutely now is that it takes a great deal of strength and the sheer force of feminine will to not just expose but to own up to your own sensitivity or softness. To lay it out and even celebrate its presence."
Isso me fez refletir sobre como o meu guarda-roupa também representa o que eu estou vivendo. Por exemplo, alguns anos atrás, vivi uma fase que vou chamar de "despertar do fogo interno" rsrs. Nessa época, me sentia poderosíssima usando um salto alto e mini saia (durou seis meses, mas aconteceu). Depois, tirei um período sabático e só me sentia bem usando roupas leves e soltas, meio hare krishna. Ano passado, estava focada em construir a minha nova empresa e correr a minha primeira maratona, e senti que a minha energia masculina estava vibrando forte. Roupas fluidas perderam totalmente o lugar para calças jeans, mocassins e roupas de ginástica. Esse ano, estou tentando acolher mais o meu lado feminino, e isso também se reflete no meu armário. Os vestidos voltaram a aparecer de vez em quando, e ocasionalmente, até me arrisco a usar um salto.
Pensando nas diversas formas como nos transformamos no decorrer dos anos, a autora ainda questiona o que é, de fato, mudar. Será que mudamos mesmo, ou todas essas partes diferentes existem dentro de nós, o tempo todo? Para Leandra, essas diversas facetas estão sempre lá, algumas acordadas e outras dormindo; o legal é aprender a ligar e desligar cada camada, e abraçar as nossas múltiplas versões. Fez sentido pensar que todas essas “Paulas” ainda existem dentro de mim, umas mais e outras menos acordadas.
E você, já pensou sobre como o seu estilo de vestir reflete o seu momento de vida?
Fato NAZA: para quem não sabe, a Leandra Medine foi a criadora do extinto Man Repeller. O blog revolucionou o mundo da moda de 2010 a 2020, trazendo um novo olhar, mais feminista e irreverente, para esse universo. Acho ainda mais legal ela estar falando sobre a força do feminino, considerando que ela escrevia sob o título “Man Repeller”.
SALÃO LITERÁRIO NA TSOL 🎙️
Falando em mulheres fortes, inteligentes e soft, no meu sentido da palavra, este evento está cheio delas.
Para quem é novo aqui, a The School Of Life (TSOL) deve ser um dos lugares que mais cito - sou fã e não nego. A ideia de um lugar dedicado a ensinar aquilo “que não te ensinaram na escola” sempre me atraiu e, por conta disso, já fiz dezenas de cursos lá e fui em algumas palestras, como a do Alain de Botton sobre o amor (amei).
Por isso, quando a Jackie de Botton (fundadora da TSOL Brasil) e a Carol Ruhman Sandler (da newsletter
) me convidaram para apresentar junto com elas o Salão Literário da TSOL, fiquei muito honrada. A proposta é a minha cara; juntar pessoas interessantes, de vários meios, para trocarmos sobre temas da vida. O primeiro salão acontece no dia 28 de março, onde vamos conversar sobre amizade com a jornalista e educadora Paula Batista e a psicanalista e critica literária Fabiane Secches. Vou amar se vocês forem; prometo que vai ser uma noite incrível.
AGENDA DA NAZA 🚀
Consegui um cupom de desconto para os assinantes da Agenda da NAZA que quiserem participar do Salão Literário. Está aqui na agenda de março, junto com dezenas de dicas legais do que está rolando em São Paulo nesse mês.
WELEDA 🌱
A marca suíça Weleda acabou de abrir uma farmácia conceito ao lado da TSOL, lá na Vila Madalena. Sou muito fã de seus produtos antroposóficos sustentáveis e cosméticos naturais.
O projeto, do arquiteto Daniel Fromer, foi feito com base na arquitetura antroposófica caracterizada por formas orgânicas que retratam um ambiente natural. A construção também levou em consideração critérios ambientais, ao utilizar madeira certificada, painéis solares e tintas ecológicas.

DESIGN WEEKEND 🪑
Falando em arquitetura e design, esse é o último final de semana da Design Weekend em São Paulo. O circuito, que acontece simultaneamente em sete bairros da cidade, conta com a participação de mais de 100 marcas e dezenas de eventos especiais. Estou louca para conferir a programação da Galeria Metrópole, ir na feira Rasga e Quebra que acontece na Ocupação 9 de Julho e ver a Feira na Rosenbaum, que está rolando na galeria do Conjunto Zarvos.

CEPA 🍷
Voltei ao restaurante Cepa recentemente e foi maravilhoso. Das entradas, as que mais gostamos foram o atum (divino), o pastel de queijo Comté, cebola e vinagre da case, e a beterraba com ajo blanco e nuts. Em seguida, pedimos o linguine com vongole, o arroz meloso com lulas e o steak com fritas. E para fechar com chave de ouro, pedimos todas as sobremesas (a minha favorita foi a compota de tangerina com ricota fresca caseira e pistache). Toda essa orgia gastronômica foi acompanhada de vinhos maravilhosos, escolhidos pela sommelière Gabrielli Fleming. Cada vez que vou ao Cepa gosto mais.
Amiga, não vejo a hora de chegar nosso salão!!!
Sábado mergulho na DW que é sempre uma delícia em SP.
O Cepa vale cada minuto da distância até chegar lá!
Sempre bom ler vcs!