Quando se fala em comunicação, a minha mãe não é o melhor exemplo. Ao longo dos anos, passei a entender que ela tem ótimas intenções, mas a dificuldade em se expressar é real (e isso já me fez pagar muitos micos).
Um exemplo clássico foi quando fomos juntas a uma consulta com uma médica dessas bacanas, e minha mãe falou para ela não se preocupar por estar solteira, pois "toda panela velha tem a sua tampa". Nunca vou me esquecer da cara da doutora interrogando a minha mãe - "você está me chamando de velha?" - e da minha mãe tentando se explicar - "desculpe, não foi o que eu quis dizer, acho que eu misturei dois ditados". Na época, no auge da minha adolescência, eu queria desaparecer da face da terra, mas hoje em dia consigo ver que, por trás das palavras mal ditas da minha mãe, existe muito amor.
Esse exercício de aceitar e amar os nossos pais, exatamente como eles são, é dos mais difíceis, mas arrisco dizer que é dos mais libertadores. Demorei, mas hoje consigo não só abraçar a minha mãe como ela é, mas também respeitar e honrá-la.
Feliz dia das mães para todas as mães perfeitamente imperfeitas.
Com amor,
Paula
Rita 👩🏻🎤
A semana começou com a perda de uma das maiores mães do Brasil. Mãe do Antonio, Beto e João, Rita Lee e seu eterno companheiro Roberto de Carvalho colocaram no mundo três pessoas muito especiais (conheço 1/3 e posso atestar que é gente da melhor espécie). Não consigo imaginar a falta que ela fará para eles, mas sei que os seus homens vão seguir em frente, deixando-a muito orgulhosa (principalmente por serem tão gente boa, algo que ela tanto valorizava).
Não à toa, ela escreveu a seguinte frase para o seu próprio epitáfio: "não foi exemplo, mas foi gente boa". Aqui, eu vou ter que discordar da Rita. Ao meu ver, ela é e sempre foi um grande exemplo. Exemplo de irreverência, ousadia, modernidade, espontaneidade, criatividade…
Obrigada, Rita, você vai fazer muita falta. A verdade é que você foi um pouco mãe de todos nós, ovelhas negras. Enquanto eu estiver por aqui, vou fazer questão de seguir vivendo como uma boa ovelha negra, bailando contigo.
Quero maiZ: o que não faltou essa semana foram lindas homenagens à Rita Lee. No podcast O Assunto, o Ney Matogrosso dividiu alguns de seus momentos com a cantora, quem ele considerava uma alma gêmea.
O Caixão Vivo ⚰️
Na escola onde estudei, um dos requisitos para nos formarmos era escrever uma espécie de TCC. Eu, que sempre gostei do esotérico, escolhi escrever sobre a forma com que as diferentes religiões lidam com a morte.
Entendo como o tema pode parecer um pouco sombrio para uma menina de 17 anos, mas a verdade é que, em diversas culturas, a morte não é tratada como um tabu, como é na nossa sociedade. Na época, adorei descobrir os diversos ritos de passagem que existem ao redor do mundo e ver como a morte pode também ser uma celebração. Nessa linha, gostei muito desse trecho que li ontem na newsletter
:Hoje é aniversário do meu pai, que faleceu dois anos atrás. Como disse José Miguel Wisnik sobre a morte de Rita Lee, “não é ausência, é presença”. Sentir na pele que “aquilo que se perde é também aquilo que se ganha” tem sido especial. Meu pai está colado em tudo que faço — e por isso a newsletter de hoje vai para ele, que certamente seria leitor assíduo e a compartilharia com amigos e desconhecidos.
Essa semana, li uma matéria sob o titulo “Life After Death: the living coffin”. Nela, o fundador da empresa Loop Biotech conta a história por trás do primeiro “caixão vivo” do mundo.

O Living Cocoon foi criado na Holanda, como uma alternativa biodegradável. Eu não sabia, mas os cemitérios tradicionais são extremamente poluentes para o solo. Em alguns casos, a qualidade da terra pode até ser comparada à de um aterro.
O “caixão vivo” é feito de micélio, a parte vegetativa dos cogumelos, que se desfaz após 45 dias, neutralizando as toxinas do corpo humano através de um processo chamado de bioacumulação. A ideia é que, através do Living Cocoon, o nosso corpo se transforme em compostagem, enriquecendo o solo e voltando a ser parte da terra (ao invés de virarmos um resíduo toxico para o meio ambiente). Achei o conceito bem interessante.
Positiv.a 🧼
Pensando ainda no meio ambiente, recebi um presente essa semana que me deixou muito feliz.
Dentro de uma caixa com a frase "sozinhos somos gotas, juntos somos o oceano", encontrei diversos produtos naturais maravilhosos para a minha casa e para o meu corpo. O presente veio da Positiv.a, marca que eu adoro, e que recomendamos nesta newsletter (junto com outras medidas que podemos tomar para melhorar o nosso impacto na terra).
Se você ainda não usa produtos de limpeza naturais, vale considerar fazer essa mudança. No curto prazo, esse produtos podem até ser um pouco mais caros do que os tradicionais, mas os ganhos (ou a redução de danos) que essa substituição pode representar para o planeta - e para a nossa saúde - são imensuráveis.
Podcast How I Built This: Manduka 🎙️
Outra marca que tem a sustentabilidade como princípio, décadas antes desse assunto estar na moda, é a Manduka. Gostei bastante de ouvir este podcast, em que o Peter Sterios conta como ele criou a empresa nos anos 90, quando a yoga ainda era algo que quase ninguém no ocidente conhecia.
Quando ele lançou a Manduka, o preço dele era 4x aquele dos concorrentes por conta da durabilidade. A ideia era que o mat pudesse ser usado para sempre, enquanto os outros duravam poucos meses. Alguns amigos e conselheiros falaram que ele era louco, já que o grande segredo era criar um produto que desgatasse com o tempo, assim ele teria clientes recorrentes. Por sorte, ele seguiu a sua intuição e criou o mat da Manduka que, além de ser de ótima qualidade, é muito mais sustentável.

Nas palavras do Sterios, “existe uma responsabilidade social e financeira associada ao desenvolvimento de produtos duradouros…E, se você investe em qualidade, o meio ambiente também se beneficia”. E, assim como o exemplo acima, às vezes o barato sai caro para você e para o planeta.
Salão da Maternidade 🤰🏽
No dia 30 de maio, acontece a terceira edição do Salão Literário, dessa vez sobre o tema "Maternidade". Teremos duas convidadas muito especiais: a escritora Dani Arrais, que é mãe com outra mãe, e a Juliana Wallauer, do podcast Mamilos. Quem irá conduzir será a Ana Holanda. No dia, eu também vou dividir algumas palavrinhas, contando um pouco sobre a minha relação com a minha mãe.
O último salão, em que a Vivi Duarte e a Anna Livia Arida participaram, foi tão legal que eu já estou contando os minutos para o próximo. Nos vemos lá na The School of Life? Ah, os assinantes da Agenda da Naza têm direito a um cupom de desconto.
Agenda da NAZA 🚀
A programação do mês está agitada. Se você está afim de fazer algo diferente na cidade, considere assinar a nossa Agenda, na qual escolhemos a dedo os programas mais legais que estão rolando. Ficarei muito feliz, porque é também uma forma de ver que o nosso trabalho aqui está fazendo sentindo para vocês.
Power Couple 👩❤️👨
Antes de me despedir, vou deixar aqui este artigo, que saiu no New York Times, sob o título: How a Classical Music Power Couple Spend Their Sundays. Eu amo música clássica e acho super curioso imaginar como pessoas interessantes vivem a sua vida, então foi um prato cheio para mim.
Adorei a menção 🥹❤️