Esta semana comecei um novo curso de escrita. Desta vez, o que me levou para a escola não foi uma vontade de “aprender a escrever”, no sentido literal; já aceitei que errar faz parte, e não vou deixar de produzir por conta disso. Retomei as classes porque estava com saudades de enxergar o mundo da forma que acontece quando estou em um processo criativo.
Se quando estamos apaixonados uma nuvem qualquer vira um coração, e um espelho embaçado serve como tela para declarações, quando eu fazia aulas de escrita, também via o mundo com outras lentes.
A inspiração começava antes mesmo de chegar na escola. Ao cruzar a feira no caminho para a aula, toda barraca servia de alimento para a minha criatividade. A de especiarias era um prato cheio; vai de Pega-Marido ou Tempera Tudo?
Quando está faltando um pouco de tempero na minha vida, volto para as aulas; nada como por o cérebro para funcionar de outra forma, para enxergar o mundo com outro sabor.
Com amor,
Paula
Memória de Minhas Putas Tristes 📖
Depois de Ninguém Escreve ao Coronel, que resenhei rapidamente aqui, li outro livro curto de Gabriel García Márquez. O escolhido foi Memória de minhas putas tristes, último romance do autor, publicado em 2004. Trata-se da história de um senhor que resolve dar-se de presente uma noite com uma virgem para comemorar seus 90 anos. A trama é polêmica — a moça que o protagonista encontra tem 14 anos — e causa repúdio em alguns leitores. Outros a enxergam com bons olhos; é um belo retrato da decadência do homem.
Controvérsias a parte, fico sempre maravilhada com a capacidade de Gabo de criar personagens tão ricos. Além disso, li como um exemplo de que nunca é tarde para se apaixonar. Depois de uma vida inteira de sexo vazio, o desenrolar desse encontro ensina o personagem a amar pela primeira vez. Aos 91 anos, ele realiza: “o sexo é o consolo que a gente tem quando o amor não nos alcança”. Antes tarde do que nunca!
Pequenas Coisas Como Estas🍿
Lembram que contei aqui que o filme baseado no livro Pequenas Coisas Como Estas chegaria ao Brasil em março? Pois bem, ele chegou, e eu corri para assistir.
Como gostei do livro, e do filme A Menina Silenciosa — também adaptado de uma obra da autora irlandesa Claire Keegan — entrei no cinema com altas expectativas. O fato do protagonista ser interpretado pelo Cillian Murphy, de quem gosto do trabalho, contribuiu para que eu achasse que seria um bom filme. Infelizmente, me decepcionei.
Se no livro Keegan retrata as angústias de Bill Furlong de forma extremamente sensível, o filme não atinge o mesmo objetivo; fica pouco claro para o espectador o que se passa na cabeça de Furlong, e consequentemente na trama. Assisti com um amigo que não leu o livro, e ele saiu sem entender nada. Continuo achando que este não é o ano do cinema…

Quero maiZ: outra adaptação que assisti esta semana foi a série da Netflix O Leopardo, baseada no romance homônimo de Giuseppe Tomasi di Lampedusa. É bem produzida mas não emociona, principalmente quando comparada ao filme de Visconti de 1963, com Burt Lancaster, Claudia Cardinale e Alain Delon. Este sim vale a pena assistir!
In Good Company 🎙
Esta dica é para quem gosta de acompanhar o mundo dos negócios. No podcast In Good Company, Nicolai Tangen (CEO do Norges Bank Investment Management) entrevista os líderes das maiores empresas do mundo. Tangen conversa com empresários de diversos setores como automobilístico (Porsche e Ferrari), varejista (H&M e LVMH), farmacêutico (Eli Lilly e Novo Nordisk), de tecnologia (Block e Microsoft), de entretenimento (Pixar e Disney), de investimentos alternativos (Brookfield e Citadel), bancário (Morgan Stanley), e muitos outros. Além destes, ele falou com pensadores como Malcom Galdwell e com o enxadrista Magnus Carlsen. Os episódios não são longos — duram em média 40 minutos — e variam entre perguntas técnicas, e outras mais pessoais.
Por incrível que pareça, de todos os episódios o que mais gostei foi com o Michael O’Leary, CEO da companhia aérea irlandesa Ryanair. Foi interessante conhecer seu estilo de governança — ele acredita em times pequenos e escreve em média 12 cartas à mão por dia para aeroportos, pilotos, ministros etc. — e ouvir suas falas polêmicas como: “competition is the most fun you can have with your clothes on”. O’Leary reconhece a péssima reputação da empresa, mas diz que ela foi responsável por democratizar viagens dentro da Europa, oferecendo passagens que chegam a custar 30 euros. Confesso que passei a detestar a Ryanair um pouco menos.
Agenda da NAZA 🚀
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Sonhar Acordada 💭
Eu sonho acordada. Imagino, fantasio, crio. Nas vezes que dividi esses sonhos com alguma amiga, elas deram risada da minha criatividade. De fato, posso ir bem longe, como quando planejei meu casamento em um barco no Nilo (quatro dias de festa em um cenário digno de Agatha Christie, onde o noivo era um menino com quem nem cheguei a namorar).