A NAZA nasceu durante um dos períodos mais difíceis da minha vida. Tinha saído de um trabalho ao qual dediquei anos, terminado um relacionamento conturbado e, para completar, estávamos em plena pandemia. Tudo era incerto, menos a minha vontade de compartilhar com o mundo o que me encantava, em um formato que me permitisse ser eu.
Passaram se dois anos e meio, e eu nem acredito em tudo que ganhei criando a NAZA. Principalmente em todas as pessoas que agora fazem parte da minha vida, de uma forma ou de outra. Que preço tem isso? Passo boa parte do tempo com medo dos riscos que corro e pensando em tudo que ainda não fiz, mas fazer o exercício de voltar ao “dia um” e ver tudo que realizei me faz um bem danado.
Hoje, vivo outra vez um dos momentos mais desafiadores da minha história. A minha fratura no fêmur desencadeou uma jornada de “morte e renascimento” muito profunda. Estou deixando para trás uma série de comportamentos que não me pertenciam mais, abrindo espaço para novas possibilidades. Aliás, é engraçado como o nosso corpo reflete as mudanças internas né? Estou descascando, literalmente, pela primeira vez em anos.
Uma das coisas que emergiu com essa pele nova foi o NAZA Talks. Gosto demais de escrever, mas sentia falta de ter um espaço para falar. Pensei em criar um podcast, depois um videocast e, por fim, fiquei com vontade de fazer algo presencial. Uma série de encontros que permitissem estarmos juntos em torno de temas que nos interessam — bem-estar, literatura, arte, cinema, saúde, gastronomia, cultura e tantos outros — e que possibilitassem abraços e olho no olho. Em um mundo cada vez mais frio e digital, tenho valorizado muito os encontros com presença.
Confesso que tenho muitos planos e sonhos, mas não sei ao certo onde isso vai dar. Isso me assusta, mas também me excita. Se for metade da jornada que tem sido a newsletter, já está valendo muito!
Com amor,
Paula
NAZA Talks 🎙
Se você estiver em São Paulo na terça-feira que vem (dia 27), e ainda não está convencido de participar do primeiro NAZA Talks, vou deixar aqui 11 motivos para você considerar:
Conhecer pessoas novas
Descobrir, ou redescobrir, uma das casas mais bonitas da cidade
Participar de uma visita à exposição Noite longa da artista Paloma Bosquê, que inaugurou ontem
Comer comidinhas plant-based gostosas e saudáveis da Laura Pelucio
Entender como materializar os seus sonhos com a palestra da terapeuta Alexandra Sanchez
Receber um abraço da Ale, que é a melhor coisa do mundo
Receber um abraço meu
Ganhar uma eco bag da NAZA que acabou de sair do forno
Ser mimado com as surpresinhas que virão dentro da bolsa
Sair da rotina fazendo algo diferente em plena terça-feira
Co-criar uma noite especial 🤍
Ainda temos alguns lugares. Deixo aqui o convite, e o link para se inscrever. Se você tiver qualquer dúvida, mande um email aqui. Mandaremos o endereço mediante comprovante de pagamento.
Dias Perfeitos 📽
Agora que o convite está feito, voltamos a programação normal (ou não tão normal assim rsrs).
Dias Perfeitos é um filme difícil de recomendar. Grande parte dele é passado em banheiros públicos japoneses, em que seu protagonista esfrega privadas e mictórios, e o filme quase não tem diálogo. No lugar das falas estão músicas americanas dos anos 1970 e 1980, escolhidas a dedo para comunicar o que as palavras não são capazes de dizer.
Se você conseguir suportar o silêncio e a monotonia do novo longa de Wim Wenders, você será presenteado com um dos filmes bonitos que vi recentemente. Aliás, que ano para o cinema…
Quero maiZ: vejam que máximo a história da origem do filme, que descobri nesta matéria. Mais uma prova de que a gente realmente nunca sabe onde as nossas ideias podem nos levar.
Logo após a pandemia, Wenders foi convidado a Tóquio por Koji Yanai para observar o Tokyo Toilet Project, um projeto no qual banheiros públicos japoneses foram redesenhados em dezessete locais em Shibuya com a ajuda de dezesseis criadores convidados de todo o mundo. Wenders foi convidado a dar uma olhada na singularidade de cada uma dessas instalações. A princípio, os produtores imaginaram que Wenders faria um curta-metragem ou uma série de curtas-metragens nas instalações, mas ele optou por um longa-metragem.
Zona de Interesse 📽
Se Dias Perfeitos pode ser desafiador para os ansiosos, eu diria que Zona de Interesse é difícil para qualquer pessoa assistir. Afinal, é dolorido demais ver uma mulher (a excelente Sandra Hüller, de Anatomia de Uma Queda) exibir a sua horta enquanto se ouve o desespero das vítimas de Auschwitz no pano de fundo. Fica pior ainda quando sabemos que é uma história verídica. Para contar a história do casal Höss, o diretor Jonathan Glazer fez uma árdua pesquisa, usando até algumas roupas originais no figurino.
Nas oficinas de escrita das quais tenho participado, sempre comentamos como a boa literatura “fala eu te amo, sem falar eu te amo”. De uma certa forma, penso que este filme fala do holocausto sem falar do holocausto.
Quero maiZ: Zona de Interesse é mais um filme da excelente produtora A24, responsável por filmes como Aftersun e C’mon C’mon, entre centenas de outros. Descobri recentemente que eles tem um podcast, o The A24 Podcast, com bate-papos descontraídos entre os diretores e atores de seus longas. Ouvi o episódio da Sofia Copolla com a Celine Song, o do Brendan Fraser com a Michelle Yeoh, e da Julia Louis-Dreyfuss com a J. Smith-Cameron. Achei legal conhecer melhor o processo criativo de cada um, em conversas tão descontraídas.
Shoshana Delishop ✡️
Chegar no Bom Retiro é quase como viajar para outro país, devido a sua variedade cultural. Tem comércios e restaurantes italianos, gregos, coreanos, bolivianos, armênios e por aí vai. Entre eles está o Shoshana Delishop, restaurante de comida judaica que está há 30 anos no bairro.
Fui ontem pela primeira vez no Shoshana, ou Shoshi para os íntimos, e tive uma ótima experiência. Achei o ambiente leve e feliz, e fomos muito bem atendidos. Começamos pedindo o Picles do dia (beterraba, cenoura e manga), a Cavalinha agridoce, uma porção de Varenikes (uma massinha recheada de batata e cebola) e outra de Kneidalach (os clássicos bolinhos de matzá). Depois, pedimos o peixe do dia, um saboroso Namorado. Para fechar, fomos com o famoso pudim. Foi um almoço bem gostoso, que me mostrou uma São Paulo que conheço pouco. Gostei.
Quero maiZ: descobri através deste post que o artista plástico Arthur Lescher é um dos sócios do Shoshana.
Aigo 📚
Há poucos metros do Shoshana, fica a livraria Aigo. Ocupando uma loja de esquina dentro de um shopping ao ar livre, os livros da Aigo são selecionados pensando nos países de origem e nas diásporas das comunidades imigrantes do Bom Retiro.
Idealizada por três mulheres que nasceram no bairro, a livraria é um lugar que tem como propósito exercitar a coexistência com outras identidades, permitindo possibilidades transculturais. Fico muito feliz de ver cada vez mais livrarias independentes florescendo na cidade.
Agenda da NAZA 🚀
Para fechar com chave de ouro, deixamos aqui a Agenda da NAZA, com a nossa curadoria de programas para você curtir este mês. Tem shows, exposições, festas, cursos, eventos e muito mais. Para acessar, é só clicar no post abaixo. Obrigada!
Paulinha querida, apesar dessa fase difícil que você está atravessando, com tantas mudanças entre o que podia fazer e a situação atual, você, com sua grande força e capacidade, ultrapassa os desafios com muita sabedoria, sempre criando coisas novas e transmitindo muito afeto. Infelizmente, não poderei participar dos "Naza Talks", que, com certeza, serão deliciosos, mas gostaria muito de ler seus relatos. Um grande beijo
Eu descobri essa newsletter maravilhosa e ganhei de quebra a amizade de uma das pessoas mais especiais do mundo. Viva a Naza ❤️