Na forma como eu enxergo a vida, todos nós viemos ao mundo para cumprir uma missão. Ela pode ser algo de impacto global, como foi o caso da Marie Curie ou do Nelson Mandela, ou mesmo local, como é a situação da vizinha que mobiliza o seu entorno em prol da pracinha do bairro. Independente da proporção do ato, acredito fortemente que todos nós estamos aqui para contribuir para o mundo, e que todas as contribuições são necessárias.
O que eu acho curioso sobre isso, é que muitas vezes não temos como saber o que de fato será o nosso maior legado. Podemos traçar metas e ir atrás dos nossos objetivos, mas não necessariamente seremos lembrados por eles.
Por exemplo, os pais do Bill Gates foram pessoas notáveis, que além de terem sido profissionais bem-sucedidos, fizeram um trabalho admirável como filantropos e ativistas. Contudo, arrisco dizer que o maior feito da dupla foi ter dado o suporte necessário para o seu filho se desenvolver, e então fazer tudo o que ele fez. Não à toa, eles são pouco celebrados como William e Mary Gates, mas bastante reconhecidos como pais do Bill Gates.
Existe aquele clichê - viva pelo seu obituário, e não pelo seu curriculum - que faz cada vez mais sentido para mim. Pensando nele, deixo com vocês a frase abaixo, uma outra maneira de falar sobre a forma como eu enxergo a vida.
Com amor,
Paula
Coreografias do Impossível - 35ª Bienal de São Paulo 🖼
Desde que fui pela primeira vez à Bienal, pensei; que sorte a nossa de termos um evento dessa magnitude em São Paulo.
Independente do gosto de cada um, o fato de termos a oportunidade de respirar arte do mundo inteiro, dos gêneros mais variados e, ainda por cima de graça, é algo inédito. Conheço poucas mostras no mundo com a profundidade de pesquisa e abrangência de temas que a Bienal oferece, e com certeza nenhuma delas acontece em um prédio tão espetacular como o de Oscar Niemeyer.
Tirei a manhã de sábado para visitar a 35ª Bienal, e adorei ver que o prédio já estava bastante ocupado desde cedo. Tinham pessoas de todas as idades, incluindo vários estrangeiros (ouvi inglês, francês, japonês, e uma língua que eu acho que era farsi).
Sob o título Coreografias do Impossível, a mostra apresenta 1.100 obras de 121 artistas, sendo 80% não brancos. Demorei um pouco para engatar na exposição, até porque tive um pouco de dificuldade em encontrar a ficha técnica de cada trabalho. Também gastei um tempo refletindo sobre a intervenção no prédio devido ao fechamento do vão central, resultado do projeto de expografia dos arquitetos do escritório Vão. Mas à medida que fui percorrendo os espaços e mergulhando na história de cada obra, fui me encantando por várias delas.
Logo na entrada, foi impossível não ser impactada pela obra monumental do ganense Ibrahim Mahama. Abri um sorriso largo quando eu estava olhando para uma parte dela, que é composta por um pedaço de um trilho de trem, e uma senhora me olhou e disse: a gente não sabe de onde vem, e nem para onde vai. Mais adiante, fiquei uns bons minutos estudando Tatá, um painel com pinturas e plumagens aplicadas sobre uma casca de árvore, obra-prima de Denilson e Aparecida Baniwa.
No andar de cima, amei ver o trabalho de tantas mulheres brasileiras incríveis, como Rosana Paulino, Aurora Cursino dos Santos e Sonia Gomes, e conhecer o trabalho da cineasta francesa Sarah Maldoror. Na ala masculina, reconheci o trabalho de alguns dos meus artistas favoritos, como Rubem Valentim, Bispo do Rosário e o pintor cubano Wifredo Lam.
Cheguei na última parte da visita com tanta informação na cabeça, que não consegui apreciar direito o trabalho de artistas que adoro como Carmézia Emiliano e Luana Vitra, mas voltarei com certeza para curtir esse patrimônio da cidade, e para comer na cozinha da Ocupação 9 de julho.
O curso do sol na Gomide & Co 🎨
Em paralelo a Bienal, a galeria Gomide & Co. apresenta trabalhos que tratam de movimentos diaspóricos para falar de questões centrais do momento atual. Na mostra O curso do sol, estão expostas obras de artistas nipo-diaspóricos ao lado de nomes latino-americanos, cujas obras se entrelaçam com a cultura visual japonesa, a partir de referências culturais e políticas locais1.
Fiquei com uma ótima impressão da exposição. Primeiro, achei o tamanho muito agradável; estão expostas uma quantidade administrável de obras, em uma única sala, dividida por uma estrutura em estilo japonês.
Além disso, as obras são de altíssimo nível. Em uma parte, estão lado a lado um retrato do pintor japonês Fouijita por Ismael Nery, um quadríptico de Wesley Duke Lee, duas esculturas de Gabriel Orozco, uma obra estonteante de Adriana Varejão, e um trabalho de Rivane Neuenschwander. Time melhor não há.
Estranha Forma de Vida de Pedro Almodóvar 📽
Quem está aqui há um tempo sabe que tento ir ao cinema toda semana. Além de ser uma forma de me desconectar, adoro apoiar os cinemas, principalmente os de rua (talvez por isso eu tenho gostado tanto de Retratos Fantasmas).
O filme escolhido da semana foi Estranha Forma de Vida, o novo “média metragem” de Pedro Almodóvar. Com apenas 30 minutos de duração, o faroeste conta a história do reencontro de um xerife (interpretado por Ethan Hawke) e de um vaqueiro (Pedro Pascal), depois de 25 anos separados.
Entre os pontos altos, estão a cena de abertura, em que um fado belíssimo de Amália Rodrigues é entoado pelo nosso Caetano Veloso. Aliás, o filme leva esse título por conta da canção. Também gostei do cenário, que foi reaproveitado de um antigo set usado nos “Spaghetti Westerns” do Sergio Leone, e do figurino idealizado pelo estilista Anthony Vaccarello. Além de figurinista, Vaccarello - o nome por trás da marca Yves Saint Laurent hoje em dia - foi também produtor do filme. Em uma época em que a maior parte dos filmes dura 3 horas ou mais, achei prazeroso assistir um filme curto, mas confesso que saí com vontade de quero mais.
Dica NAZA: se você for assistir ao filme no cinema, recomendo ficar até depois dos créditos, para assistir a entrevista em que o próprio Almodóvar conta sobre as suas inspirações por trás do filme. A conversa é longa, mas foi uma boa forma de conhecer melhor o funcionamento dessa mente brilhante, e entender com mais profundidade algumas dinâmicas do filme.
Newsletter Economy 🎙
No outro dia, me perguntaram o que era uma newsletter. Eu estou tão imersa nesse mundo, e gosto tanto dele, que esqueço como ainda é novidade para muitas pessoas.
Visando preencher essa lacuna, a dupla Paulo Emediato e Rodrigo James criou o podcast Newsletter Economy, que mapeia a crescente economia das newsletters no Brasil. O último episódio foi sobre as diferentes plataformas que existem para hospedar as páginas, como o Substack, e os anteriores foram sobre newsletters em geral.
Para fazer o podcast, os apresentadores entrevistaram 10 criadores de newsletters, incluindo a querida
e o . Estou curiosa para ver quais serão os temas dos próximos episódios.Restaurantes da Semana - Tuju & Aiô 🍽
Semana passada consegui garantir reservas em dois restaurantes que estava contando os minutos para inaugurarem.
Primeiro foi a vez do novo Tuju, que tinha reaberto na noite anterior. Fechado durante quase três anos para pesquisas, o restaurante do chef Ivan Ralston e da pesquisadora Katherina Cordás voltou em um formato totalmente novo. Agora, o Tuju funciona apenas com menu degustação, e ocupa uma casa de três andares reformada pelo arquiteto Angelo Bucci no Jardim Paulistano.
Fiquei boquiaberta com o espaço, que claramente recebeu um alto investimento. Entre os pontos altos estavam a acolhida da gravidíssima Katherina, o “sanduíche” de sardinha (acordei sonhando com ele no dia seguinte), e os vinhos fornecidos pela importadora Clarets, que é sócia na empreitada.
No dia seguinte, troquei a culinária de raízes brasileiras, pelos sabores do Taiwan. Aberto há menos de um mês, o Aiô, irmão mais novo do vizinho Mapu, chegou com tudo. Sentamos no balcão e gostei muito da experiência.
O Jon, atendente que nos serviu, foi extremamente atencioso, e nos deixou a vontade ao mesmo tempo. Os pratos, entre eles um crudo de atum e outro de carapau, uma moules frites em versão taiwanesa, os cogumelos no vapor com macarrão frito, o peixe do dia, e uma salada de tomates, estavam todos deliciosos. Sabe quando uma comida consegue ser criativa e deliciosa ao mesmo tempo? Não é fácil, mas o Aiô conseguiu entregar. Tudo na medida perfeita.
Agenda da NAZA 🚀
Tanto o Tuju quanto o Aiô estão entre os vários destaques gastronômicos da Agenda da NAZA de setembro.
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11 Sorveterias🍦
E para fechar, escolhemos 11 sorveterias bem gostosas para nos ajudar a lidar com o calor de São Paulo. Para ver a lista completa, é só clicar no post aqui embaixo. Delícia!
Vale ler o texto de apresentação da exposição, em que a curadora Luisa Duarte elabora sobre o tema.
A Bienal é um patrimônio de Sampa! Fica melhor sempre na segunda visita!
Adorei 💚