Foram inúmeras as barreiras que tive que enfrentar nessas 70 edições de NewZ da NAZA.
A primeira delas foi o simples fato de me expor. Para alguém que nunca teve nem Instagram pessoal, a ideia de escrever textos íntimos, muitas vezes compartilhando meus medos e inseguranças, era incabível. No início, me escondia atrás do pseudônimo NAZA, e foram várias sessões de terapia até conseguir assinar o meu nome. Nessa mesma linha, colocar uma foto minha foi outro obstáculo enorme que tive que atravessar (até hoje, não foram mais do que três ou quatro).
Outro fator que me prendia um pouco era a ideia de dividir com milhares de pessoas coisas que são tão preciosas para mim, como um restaurante escondidinho ou uma terapeuta espiritual. Sempre compartilhei o que gosto com os meus próximos (essa foi, inclusive, uma das razões pela qual comecei esta newsletter), mas tinha um certo receio (talvez motivado por um senso de (falsa) possessão) de dividir essas jóias com desconhecidos.
Em uma era dominada pelas redes sociais, imagino que essas travas devem soar bizarras para muitos. Para mim, elas já foram muito reais, e fico feliz de ter conseguido superá-las. Este espaço semanal, onde me abro e partilho alguns recortes do que faz meus olhos brilharem, me preenche demais. Afinal, acredito que o que é bom merece ser compartilhado.
Com amor,
Paula

Casa do Budha 🧘🏽♀️
Escrevi o texto acima pensando na Casa do Budha, um lugar muito especial para mim, que eu ainda não tinha compartilhado por aqui.
Já escrevi inúmeras vezes sobre a minha paixão pela yoga. Contei que demorei para me encontrar na prática, e que já quis chorar durante o shavasana. São dez anos praticando, e a yoga é uma das grandes responsáveis por qualquer mínimo grau de sanidade que eu tenha.
No ano passado, resolvi testar uma aula de Yoga Aéreo. Olhava para aqueles tecidos pendurados do teto, e tinha o maior preconceito, mas um dia resolvi me aventurar. Saí da aula com uma sensação de “Meu Deus do Céu, o que eu fiz na última década?” Eu me encontrei ali no tecido, que nada mais é do que uma ferramenta para nos ajudar a expandir mais. Coisas que eram impossíveis, passaram a ser um pouco mais possíveis com o tecido.
Se encontrar o Yoga Aéreo já foi um presente enorme, descobrir que a poucos metros da minha casa existe a Casa do Budha, foi revolucionário. Sei que essa é uma palavra forte, mas encontrar esse oásis escondido no meio da cidade teve esse efeito em mim.

Primeiro, a professora Carla Asevedo, que é o coração da Casa do Budha, garante que o lugar seja muito especial. A forma como ela conduz as aulas, com seriedade e amor, faz com que a prática seja a minha favorita hoje em dia. É longa e demanda bastante, mas a recompensa vem na mesma proporção. Sempre saio de lá flutuando.
Depois, adoro que o estúdio sempre tem aulas especiais. Nos últimos meses, fiz aula com alguns dos pioneiros da Yoga no Brasil, como o Pedro Franco e a Lygia Lima. Tem aulas também para crianças, a Flyyoga Kids, que devem ser demais.
Por fim, a energia desse espaço tão acolhedor e charmoso é única. Desde o momento em que você entra, fica claro que existe muito amor ali. Por isso, divido essa dica com vocês, mas peço, por favor, que cuidem com muito amor e carinho.

Max Richter: Sleep 🛏
Falando em acolhimento, vi que o Max Richter realizou mais uma sessão do seu projeto Sleep: Eight-hour Lullaby, dessa vez no festival Dark Mofo na Tasmania.
Criado em 2015, a empreitada envolve uma sinfonia de oito horas, apresentada ao vivo pelo Max e uma orquestra durante a noite. São 31 composições ao todo, que variam de dois minutos a mais de meia hora, inspiradas na neurociência do sono. Tocadas em conjunto, as obras servem como uma grande lullaby1 para adultos, o antídoto perfeito para as nossas vidas que são cada vez mais marcadas pelo desafio de dormir bem. Literalmente um sonho.

Creative Routines ⏰
Parece que dificuldade para dormir era algo menos comum nos séculos passados.
Neste artigo, o autor RJ Andrews mapeou como criativos de diferentes áreas costumavam organizar o seu tempo. Ele escolheu 16 personalidades, da Maya Angelou ao Beethoven, e mapeou como cada uma delas dividia o seu dia.

No geral, eles dedicavam em torno de oito horas aos seus trabalhos criativos. Nos extremos estão dois escritores franceses; o Balzac, que criava durante 13.5 horas, e o Vitor Hugo, que escrevia por 2 horas. Além disso, a média de sono era de mais de sete horas, e a maioria fazia exercício e tinha uma vida social ativa. Vale a pena dar um zoom nos gráficos acima para ver os detalhes. Adorei ver que o Mozart não ia dormir sem antes paquerar a Constanze, e que o Freud caminhava em uma “velocidade alucinante” por Vienna.
Ping Yang 🍚
Ontem, eu e a Vicky fomos experimentar o Ping Yang, novíssimo restaurante tailandês em São Paulo.
Eu estava louca para conhecer o lugar por duas razões. Primeiro, porque sempre senti falta de um bom restaurante tailandês na cidade. Segundo, porque várias pessoas que admiro no ramo da gastronomia, tinham me falado muito bem do local.
Localizado na Rua Melo Alves, o Ping Yang está com aquela energia de “queridinho do momento” (e a fila na porta comprova isso). Pedimos o crudo de peixe, a salada de beringela grelhada com ovo de gema mole, a salada de cogumelos, o peixe no vapor, o agrião chinês no wok e o curry verde de cogumelos. Esse último foi o nosso favorito (alerta: não é para os fracos, tudo é bem apimentado, em bom estilo tailandês).
Não teve nenhum prato que me faria voltar, mas as minhas expectativas estavam altíssimas. De toda forma, fico muito feliz que finalmente ganhamos um bom restaurante thai, e espero que ele abra a porta para outros restaurantes do sudeste asiático na cidade.

Feira Naturebas 🍷
Ainda no tema de comes e bebes em São Paulo, acontece neste final de semana a 11a edição da Feira Naturebas. Para quem não conhece, a Naturebas é a primeira (e única) feira de vinhos naturais, orgânicos e biodinâmicos do Brasil. Estarão presentes produtores de vinhos e de alimentos agroecológicos. Tintin.

Agenda da NAZA 🚀
A Naturebas foi uma das feiras que escolhemos destacar na Agenda da NAZA deste mês. Junto com ela, selecionamos a dedo centenas de eventos legais que estão acontecendo na cidade nestes dias. Para acessar, é só clicar no link abaixo.
Mulheres que Correm com Cachorros 🦮
No mês passado, eu estava na Patagônia conversando com um amigo e ele me contou que tinha quatro cães, e adorava correr com eles. Eu disse que nunca tinha corrido com a minha Bruschetta, pois sempre pensei que seriam coisas incompatíveis, já que seria impossível fazer isso e cumprir com o treino proposto pela planilha. Ele ouviu, mas mesmo assim me incentivou a tentar, dizendo que era uma sensação deliciosa.
Traduzida literalmente, a palavra ‘lullaby’ significa ‘canções de ninar’ em português. Acho a palavra muito mais bonita e melódica em inglês, então resolvi manter ela assim.
Que demais esse gráfico.
Adorei sua história sobre escrever a newsletter e o processo que veio junto. Entendo super, mas eu sempre fui a senhora “aparecida”.
Quando for a SP quero conhecer a Casa do Budha. Fiquei curiosa!
Aliás, eu dormi nessa sessão do Max Ritcher quando ele fez no SXSW. Eu amo dormir nesses eventos (numa outra vez dormi no MONOM, em Berlim). Aliás, qdo vier, vou tentar armar uma visita lá pra vc conhecer, pq agora anda fechado pro público. 😘